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Rio-2016: Polícia Civil identifica rede de cambistas que vende entradas oito vezes mais caras

INFOCHPDPICT000059268779 Pelo menos 27 pessoas de cinco estados brasileiros – Rio, São Paulo, Paraná, Ceará e Rio Grande do Norte – já foram indiciadas, e pelo menos outras 50 estão sendo monitoradas por suspeita de pertencerem a uma rede de cambistas que chegam a cobrar até oito vezes o valor de um ingresso para competições dos Jogos Olímpicos do Rio. O grupo foi identificado depois de comprarem grandes lotes de ingressos de alta demanda, como finais e semifinais do futebol, vôlei, atletismo e cerimônias de abertura e encerramento.

Um dos mais caros, os ingressos para a cerimônia de abertura – em 5 de agosto no Maracanã – custam entre R$ 200 e R$ 4.600. Segundo investigações de policiais civis da Delegacia do Consumidor (Decon), há registro de ingressos sendo vendidos pelos cambistas por até R$ 38 mil. O trabalho começou em abril depois de os agentes identificarem o grupo agindo nas redes sociais. Dois inquéritos foram instaurados e devem ser enviados na próxima semana para o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos com os nomes dos indiciados.

Até agora, cerca de dois mil ingressos foram bloqueados pela Polícia Civil com autorização da Justiça. As entradas já haviam sido compradas pelos cambistas e seriam enviadas pelos Correios quando foram apreendidas. Segundo o delegado Gilberto Ribeiro, titular da Decon, e que coordena as investigações, o trabalho está sendo realizado em conjunto com o Comitê Rio 2016. Os envolvidos estão sendo identificados pelo CPF que fornecem na hora da compra dos ingressos.

– Notamos que há sites e comunicações dos envolvidos nas redes sociais. Muitos utilizam terceiros para oferecer ingressos por preços superiores, o que caracteriza cambismo. As 27 pessoas foram indiciadas por crime previsto na Lei 9.099. Elas podem ser condenadas a penas que variam de um a dois anos de prisão – afirmou Gilberto Ribeiro.

A Decon informou que mais de 15 perfis no Facebook estão sendo usados pelos cambistas para venda de ingressos, mas o monitoramento da Polícia Civil do Rio abrange outros sites nas redes sociais.

– Contamos com a ajuda dos técnicos do Comitê Rio 2016 para cruzarmos informações. Com o nome completo dos envolvidos, chegamos aos autores. É um trabalho demorado – disse Ribeiro.

A Delegacia do Consumidor informou que dois inquéritos foram instaurados depois da identificação da fraude. No primeiro, são 12 indiciados de Rio, São Paulo, Curitiba, Ribeirão Preto, Diadema, Mossoró e Niterói. No segundo, 15 pessoas foram formalmente acusadas. Eles são moradores de São Paulo, Ribeirão Preto, Rio, Curitiba, Cubatão, Brasília, Fortaleza e Macaé.

O Comitê Rio 2016 informou que dos seis milhões de ingressos disponibilizados, 72% foram vendidos: cerca de 4,3 milhões. Há ainda para venda 1,7 milhão de bilhetes. Até o momento, segundo balanço do comitê, a receita é de R$ 960 milhões. O montante é 92% do esperado e está acima do estipulado, que era de 82% para este momento. Ainda segundo o Comitê Rio 2016, os estados que mais compraram ingressos são Rio, São Paulo, Distrito Federal, Bahia e Minas Gerais. A maioria optou para ver as competições de futebol, basquete, vôlei, atletismo e handebol.

Para coibir a ação ilegal dos cambistas, o Comitê Rio 2016 revelou que a revenda oficial é uma importante ferramenta para coibir a venda ilegal. Em nota, informou que o consumidor que comprou o ingresso e agora quer revendê-lo pode entrar no site do Rio 2016 e devolvê-lo para o comitê de forma consignada.

– Tão logo seja vendido, o torcedor receberá de volta 100% do valor pago – afirmou Donovan Ferreti, diretor de ingressos dos Jogos Rio 2016.

Segundo ele, o comitê também trabalha em conjunto com as autoridades a fim de coibir qualquer tentativa de cambismo ou qualquer outro tipo de venda ilegal de ingressos.

– Contamos com o suporte e a dedicação dos órgãos competentes, como a Polícia Civil, além do grupo de investigação que nos ajuda no monitoramento da venda de ingressos, tanto em páginas na internet quanto nos canais físicos – acrescentou Donovan Ferreti.

Ele também explicou que, além disso, a comunicação sobre a importância de se comprar ingressos apenas através dos canais autorizados foi intensificada.

– Desde o lançamento do programa de ingressos, estamos orientando os torcedores nesse sentido. É importante destacar que anúncios de ingressos em sites não oficiais já podem estar cancelados. Quem se deparar com uma situação de venda ilegal de ingressos pode entrar em contato pelo e-mail [email protected] – revelou Ferreti.