Esportes

Revisão de custos faz Tóquio-2020 cogitar remo e canoagem na Coreia

O Comitê Olímpico Internacional (COI) considera a hipótese de transferir as provas de remo e canoagem dos Jogos de Tóquio-2020 para a Coreia do Sul a fim de cortar custos crescentes, de acordo com a imprensa japonesa. A medida, no entanto, desagradaria aos organizadores locais, que sempre anunciaram sua intenção de fazerem Jogos compactos, com pouca distância entre as arenas. Somente as provas de tiro e pentatlo moderno, além de um estádio de futebol, ficariam de fora de um raio de 8 km da Vila dos Atletas.

De acordo com os jornais ?Kyodo News? e o ?Asahi Shimbun?, fontes disseram que os eventos podem ser levados à cidade coreana de Chungju, se não houver consenso entre o Comitê Organizador e a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, a respeito de um local no Japão. A opção coreana teria sido considerada num debate entre especialistas reunidos por Koike a fim de revisar os custos: a primeira proposta, contudo, era levar as provas de remo e canoagem de velocidade a centenas de quilômetros para uma lagoa no nordeste do Japão, em vez de construir um espaço específico na baía de Tóquio.

Os especialistas também sugeriram reformar praças esportivas de vôlei e natação e refazer planos de construção de novos estádios, que elevam o custo da cidade-sede a R$ 92 bilhões, quatro vezes o custo original estimado e mais que o dobro dos Jogos do Rio, que ficaram em torno de R$ 39 bilhões.

Koike foi eleita com promessa de reduzir o gasto público, e o tema é bastante delicado para sua gestão. Num encontro com o presidente do COI, Koike afirmou que a população de Tóquio apoia sua contenção de gastos. Ela ainda acrescentou que a revisão dos custos das arenas deve ficar pronto ao fim de outubro.

O presidente do COI, Thomas Bach, preferiu não comentar os rumores a respeito da Coreia do Sul, mas afirmou que a entidade trabalhará em conjunto com o governo de Tóquio em busca da redução dos investimentos excessivos.

– Estou confiante de que vocês verão uma redução de custos mais significativa do que está sendo veiculado pela mídia – disse Bach.

MAQUIAGEM DE CUSTOS

A controvérsia a respeito de remo e canoagem de velocidade se ampliou nesta terça-feira, quando o jornal “Mainichi Shimbun” afirmou que o governo de Tóquio mentiu ao COI a respeito do custo das arenas permanentes. De acordo com o veículo, os executivos do governo maquiaram os custos de construção, supostamente para assegurar ao COI que todos os eventos se dariam dentro da capital. O governo de Tóquio já admitiria que a Floresta do Mar, a arena de remo e canoagem, custaria quase o triplo do que fora enviado no documento de organização enviado ao COI.

O comitê organizador de Tóquio-2020 e as federações de remo e canoagem demonstraram desagrado com o risco de verem suas competições transferidos tanto para Tome, no nordeste do Japão, como para Coreia do Sul. A opção de Tome, a 440 km de Tóquio, na província de Miyagi, também acarretaria alto custo de adaptação para as disputas.

– Gostaria de sublinhar que a decisão de pôr uma arena de canoagem em Tóquio foi tomada de forma unânime e baseada em investigações extensas – afirmou Toshiaki Endo, membro do conselho executivo dos Jogos, no início do mês. – Isso nos levou a concluir que a Floresta do Mar era o local mais promissor para receber as competições.

O ministro dos Esportes do Japão, Hirokazu Matsuno, insistiu nesta terça que as arenas de todos os eventos serão localizadas dentro do país-sede.