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Mãe de Danilo, da Chapecoense: 'Perdi um filho, mas ganhei milhares'

CHAPECÓ (SC) – Mãe do goleiro Danilo, Alaíde Padilha tem encontrado forças na solidariedade da torcida da Chapecoense para suportar a perda do filho no acidente aéreo que aconteceu na Colômbia. Ídolo na cidade, Danilo foi o herói da classificação da equipe para a final da Copa Sul-Americana ao pegar quatro pênaltis na semifinal do torneio contra o San Lorenzo.

? Vou ser a mãe dessa torcida, que colocou meu filho num pedestal, que ficou do lado dele nos momentos difíceis, que vibrou com ele a cada defesa importante que ele fez. Perdi meu filho, mas ganhei milhares de filhos nessa torcida. Se pudesse, dava um abraço em cada um. Tragédia da Chapecoense dia IV

Alaíde ficou sabendo da queda do avião por meio de um vizinho. Passou toda a manhã de terça-feira aguardando novidades pela TV e teve que lidar com a falta de informação sobre a situação do seu filho. Danilo chegou a ser retirado da lista de mortos, mas foi recolocado minutos depois.

Natural de Cianorte, no interior do Paraná, a família teve o apoio de amigos e vizinhos nos primeiros momentos após a confirmação da tragédia:

? A cidade inteira foi na minha casa. Você sabe o que é isso? A cidade inteira ir te visitar. No momento em que ouvimos que ele estava no acidente o desespero foi total. Todo mundo chorando e se lamentando. Eu não sabia se eu corria, se gritava.

Não quero ir embora. Me deixa aqui. Eles são meus psicólogos, os torcedores são meus psicólogosAo chegar à Arena Condá no início da tarde desta sexta-feira, Alaíde foi reconhecida por alguns torcedores que idolatravam seu filho. Distribuiu abraços e chorou amparada nos ombros deles. Enquanto caminhava para o vestiário dos jogadores, espaço reservado para os familiares de atletas e comissão técnica, olhava fixamente para um dos gols.

? As lembranças que vou ter dele? Humildade, carinho, amor, dedicação. Ele era um exemplo. Mas é muito difícil. Sei que não vou ver mais ele. A torcida não vai mais gritar: “Danilo! Danilo! Danilo!” ?lamenta-se Alaíde.

? Nem o corpo dele vou poder ver, vai estar dentro de um caixão. Vou velar meu filho sem poder ver o corpo dele.

Forte, Alaíde deu entrevistas para uma série de emissoras de TV no início da tarde. Ao final de cada gravação, pedia para dar um abraço nos jornalistas, atitude que levou alguns profissionais às lágrimas. Enquanto conversava com um grupo de dez repórteres, uma psicóloga voluntária perguntou se ela queria ir embora e ouviu a seguinte resposta:

? Não quero ir embora. Me deixa aqui. Eles são meus psicólogos, os torcedores são meus psicólogos. Cada um deles tem sua própria dor por causa dessa tragédia. Estamos todos juntos nessa.