Esportes

Há 21 anos na presidência do COB, Nuzman é reeleito para mandato até 2020

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, foi reeleito com 24 para permanecer no comando da entidade, desta vez pelo último mandato. Foram três abstenções, um voto nulo e um contra. Quatro federações não comparecera, (desportos no gelo, na neve, tiro com arco e taekwondo) O ex-jogador de vôlei de praia Emanuel, presidente da comissão, mandou uma carta de apoio. Porém, como está em Buenos Aires para o Primeira Comissão de Atletas da Federação Internacional de Volei, o voto não é válido.

Em 2020, quando se despedir do cargo, Nuzman, de 74 anos, terá ficado 25 anos consecutivos no comando da entidade ? em termos de comparação, Ricardo Teixeira esteve à frente da CBF durante 23 anos até renunciar ao cargo, em 2012, após denúncias de corrupção.

A reeleição, no entanto, não significa unanimidade. Seu principal rival, Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), irá à Justiça contra o pleito. Nuzman

? É antidemocrático e imoral precisar do apoio de dez federações esportivas, um terço do colégio eleitoral, para concorrer. Por isso, vamos pedir a anulação ? explica Marcelo Jucá, advogado da CBTM.

De acordo com o estatuto do COB, as chapas deveriam ter sido inscritas até o fim de abril. Como não conseguiu o apoio necessário para formalizar sua candidatura, Azevedo pediu um prazo maior à Justiça, concedido pelo desembargador Marcelo de Lima Buhatem. Logo após o fim da Olimpíada, porém, o mesmo desembargador voltou atrás e deu ganho de causa ao COB, negando uma nova data para registro da segunda chapa.

? Os presidentes das confederações poderiam ter algum prejuízo financeiro ou ainda não receber legado. Estávamos às vésperas da Olimpíada ? diz Alaor. ? O Nuzman é como um gerente de banco. Dá dinheiro a quem o apoia, e essa concorrência prejudica. Infelizmente, o poder ali é muito grande.

‘MINA NUCLEAR DE ENERGIA’

Em nota, o COB afirmou que o ?processo eleitoral é aprovado pela assembleia da entidade e respeita os princípios democráticos, permitindo a inscrição de mais de uma chapa?. E lembrou que apenas uma cumpriu as exigências.

Ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Nuzman assumiu o COB em 1995. Segundo Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira de Judô, seu vice, a chapa teve ?algo em torno de 30 adesões?. Trinta e quatro representantes têm direito a voto: 30 presidentes de confederações, três membros natos permanentes do COB e o presidente da comissão de atletas, Emanuel, do vôlei de praia.

Nos bastidores, comenta-se que, devido à Lei 13.155/2015, que limita mandatos de dirigentes esportivos a só uma reeleição, Nuzman (que não poderá mais concorrer depois deste pleito) pretende fazer de Paulo Wanderley seu sucessor.

? Quem sou eu para saber o que vai acontecer amanhã? Quanto mais em quatro anos. Fui convidado para ser o vice de Nuzman, aceitei e ponto ? despista Wanderley, ao negar qualquer fragilidade física do atual presidente do COB. ? Ele é uma mina nuclear de energia, e eu tenho de correr muito para acompanhá-lo.

Mesmo com tanto tempo no cargo, mais de duas décadas, Nuzman não conseguiu colocar o Brasil entre as potências olímpicas. No seu maior desafio, os Jogos do Rio, o Brasil conquistou 19 medalhas, terminando em 13º no quadro geral de medalhas ? a meta era o décimo lugar.