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Com novo dono distante, Fórmula-1 começa eventos da temporada

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TURIM – Numa temporada de mudanças muito sensíveis tanto nos pneus – que crescem de tamanho e largura – quanto na aerodinâmica, um evento da Pirelli na cidade italiana de Turim atraiu as atenções pelas possíveis pistas que surgiriam sobre mais competitividade num circo até agora dominado pela Mercedes. O que chama atenção, no entanto, é como se ensaia a vida pós-Bernie Ecclestone.

Na conferência de imprensa desta terça, acompanhada por dezenas de jornalistas, a presença do francês Éric Bouiller, chefão da McLaren, e as videomensagens enviadas por Maurizio Arrivabene (Ferrari), Toto Wolff (Mercedes), Christian Horner (RBR) e até pelo campeão aposentado Nico Rosberg só ressaltavam a grande lacuna: não havia ninguém do Liberty Media, novo controlador da categoria mais rápida do mundo.

Nenhum traço do grupo de mídia – que arrebatou o campeonato por R$ 25 bilhões das mãos do onipresente Ecclestone – foi sentido no evento da Pirelli, que comemora 110 anos como fornecedora de pneus para provas esportivas e inicia seu sétimo ano como provedora exclusiva do circo.

Nos corredores do Museu do Automóvel em Turim, Bouiller, da McLaren, admitia que não teve qualquer reunião com o pessoal da Liberty. Fontes ligadas à fabricante italiana de pneus também confirmavam um grau zero de aproximação dos novos donos. Um comportamento no mínimo estranho para quem tem na sua diretoria técnica Ross Brawn, profundo conhecedor do universo automobilístico: o inglês militou no circuito por 18 anos, com passagem pelo comando de quatro equipes, entre elas a Ferrari.

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Há quem veja o distanciamento do Liberty como cautela, sobretudo numa temporada que altera muitas variáveis. Para outros, tudo soa como a necessidade de uma mão macia para ganhar confiança de um ambiente que tem seus próprios códigos e regras há décadas. Ainda assim, muitos estranham que o grupo americano presidido pelo nova-iorquino Greg Maffei não tenha realizado ainda um evento mais oficial de apresentação.

Entre os presentes, as entrevistas em Turim giraram sobre a capacidade de as equipes se coordenarem com os novos pneus, uma vez que há pouco tempo até o início do campeonato em Melbourne, Austrália, que tem o primeiro GP em 26 de março.

– As equipes nos estão enviando o resultado dos seus testes e nós estamos verificando o quanto eles se aproximam das nossas simulações, a fim de podermos realizar ajustes e comparações – afirma Mario Isola, gerente de corridas da Pirelli.

Neste ano os pneus dianteiros da Fórmula-1 saltam de 24,5 cm para 30,5 cm, enquanto os traseiros chegarão a 40,5 cm, o que deve se traduzir em mais aderência, velocidade e um ganho de performance com quedas de 2 a 5 segundos, além de um visual mais agressivo dos carros.

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Questionado se a Mercedes sairia em vantagem, o diretor Paul Hembery, da fabricante italiana de pneus, foi político.

– Tudo depende dos detalhes. Muitas vezes há questões de regulamento que uma equipe entende melhor que as outras e, por isso, sai à frente das demais.

* A reportagem viajou à convite da Pirelli.