Esportes

Campeã da maratona no Rio-2016, Sumgong é a favorita na São Silvestre

SÃO PAULO A etíope Ymer Ayalew, tricampeã da São Silvestre, com o último título conquistado no ano passado, terá rival de peso na 92ª edição, neste sábado, a partir das 8h20 (categoria cadeirantes), na capital paulista. Trata-se da campeã da maratona na Olimpíada do Rio, a queniana Jemima Sumgong, que voltou ao Brasil para sua primeira participação na tradicional corrida de rua. A elite feminina larga às 8h40 e os demais competidores, inclusive a elite masculina, às 9h. Cerca de 30 mil pessoas devem disputar a prova (com transmissão da Rede Globo), número limite de participantes desde 2014. Na elite, haverá 72 homens e 46 mulheres.

Tímida, mas sorridente, Jemima, de 32 anos, diz estar feliz em retornar ao país onde realizou o sonho olímpico. Após o ouro, ela ficou apenas um dia no Rio. Apontada como favorita ao pódio, Jemima desconversou. Segundo ela, será preciso muito esforço físico para se adaptar à curta distância (15 km), já que está acostumada aos 42 quilômetros da maratona. Links são silvestre

– Nessa corrida, a distância curta exige alta velocidade. O ritmo é bem mais intenso do que o de uma maratona. Para mim, é melhor e mais fácil correr uma prova longa – explicou Jemima, que revela o que mais gostou no Brasil. – Sem dúvida, o que mais gostei foram as pessoas. Vocês são tão bons e legais… Na Olimpíada, tinha tanta gente torcendo por mim ao longo do percurso que me surpreendi. Por isso estou aqui de novo. Me preparei muito. Espero vencer.

Primeira queniana a conquistar a medalha de ouro na maratona em uma Olimpíada (com o tempo de 2h24min04), ela tem no currículo uma série de títulos em provas de longa distância. Entre elas, as Maratonas de Castellon em 2011, na Espanha, e de Roterdã, em 2013, na Holanda. Jemima tem ainda um segundo lugar na de Nova York, em 2014, nos Estados Unidos, considerada uma das mais importantes do mundo.

Neste ano, Jemima também venceu a Maratona de Londres, numa prova em que enfrentou uma série de obstáculos. Caiu, bateu com a cabeça no asfalto, e quase foi impedida de seguir por um homem que invadiu a pista. Por causa disso, ficou para trás com mais duas corredoras, mas conseguiu recuperar o ritmo e levou a medalha de ouro para casa.

O desempenho da queniana rendeu elogios da principal aposta do Brasil nesta edição da São Silvestre. A paranaense Joziane Cardoso revelou, aos risos, que precisou se segurar para não pedir uma selfie com a queniana.

– Muito emocionante competir ao lado de atletas tão talentosas. Ela (Jemima) está muito bem, o nível dela é alto. Vai ser uma prova forte e difícil do início ao fim – afirmou a brasileira, campeã da Meia Maratona do Rio de Janeiro em 2016.

Além das rivais e do percurso mais veloz, Jemima vai enfrentar o calor, com temperatura máxima prevista de 33 graus. Essa deve ser a prova mais quente da história da São Silvestre desde que mudou de horário, em 2012, passando a ser disputada pela manhã (em 2015, a temperatura no mesmo horário foi de 26°C). A favorita, no entanto, lembra que o sol forte não lhe assustou no Rio e quer repetir a dose:

– Para mim, o calor não chega a ser o maior dos problemas. No Rio, durante a maratona, também fazia muito calor e eu cheguei na frente.

A organização do evento garante estar preparada para dar aos competidores condições para enfrentar o calor. Serão cinco postos de apoio ao longo de todo o percurso, locais para hidratação e atendimento médico para todos os inscritos. Serão mais de 480 mil garrafas de água, média de 16 para cada um (mesma quantidade distribuída no ano passado).

Ayalew, de 29 anos, que foi campeã em 2015, 2014 e em 2008, admitiu que o calor pode ser uma preocupação.

– Gosto muito da cidade, mas realmente está bem mais quente do que das outras vezes que estive aqui – falou a etíope, esbanjando confiança. – Estou bem e gosto de correr aqui. Trata-se de um percurso agradável e que favorece meu estilo. Sem falar do apoio da torcida, sempre fundamental para um bom resultado. Largarei animada e buscando mais uma vitória, como sempre.

Entre os homens, mais uma vez o favoritismo também é africano. Da Etiópia, estará Dawit Admasu, campeão da São Silvestre em 2014. Da Tanzânia, serão Augustine Sulle, com inúmeras vitórias em provas no país, e Gabriel Geay. Os representantes do Quênia serão Paul Kemboi, que venceu os 15 km de Istambul este ano; William Kibor, que ganhou a Meia Maratona de Las Vegas; e Mathew Cheboi, campeão da Meia Maratona Internacional de São Paulo em 2007 e quarto na Volta Internacional da Pampulha em 2016.

NOVO TRAJETO

A lista de estrangeiros também terá Sergio Rodriguez, da Colômbia, campeão nacional de cross-country e revelação de seu país. Pelo Brasil, a aposta é o mineiro Giovani dos Santos.

– Estou pronto para a prova. Fiz um treinamento forte em meu país para poder chegar aqui em condições de fazer uma boa prova e consegui o segundo título. Sei que não será fácil, mas quero vencer – afirmou Admasu, o grande favorito.

O percurso da prova desta edição sofreu algumas mudanças: ruas da Barra Funda foram retiradas porque, segundo os organizadores, são mais estreitas e, próximas à largada, causavam congestionamento entre os competidores.

O novo trajeto inclui mais voltas no centro histórico, principalmente no entorno da Praça da República. A expectativa é que, assim, o percurso fique mais rápido – a organização acredita que, em um dia com temperatura em torno de 25 graus e disputa acirrada pela liderança, os campeões possam baixar o tempo em até 20 segundos.

Os recordes da prova pertencem ao quenianos Paul Tergat (43min12s, em 1995) e Priscah Jeptoo (48min48s, em 2011).