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Vencer obstáculos e decolar no BMX, especialidade de Priscilla Steveaux

priscilla stevaux capacete.jpg Era uma sexta-feira. Priscilla soube meio por acaso, no Facebook, que sua rival pela vaga brasileira do BMX feminino na Olimpíada do Rio participaria naquele fim de semana de uma competição no Equador. Na hora, decidiu ir também. Se não estivesse lá, a concorrente ganharia pontos que mais tarde seriam irrecuperáveis e deixariam a garota de Sorocaba fora dos Jogos. Arrumou a mala às pressas e partiu.

BMX

? Essa viagem para o Equador foi uma loucura. Eu saí para o aeroporto e ainda não tinha passagem, comprei no caminho ? relembra. ? Faltava menos de uma hora para o check-in, e não deixaram eu despachar minha bicicleta. Entreguei lá na porta do avião. Cheguei às 5h30m no hotel, para acordar às 7h e correr. E quase não consegui fazer a inscrição ? conta.

Priscilla pagou multa por se inscrever de última hora. Mas competiu. E teve que repetir a correria em outras ocasiões. As principais provas do circuito, como Copas do Mundo e Mundiais, estão no calendário da seleção brasileira. Mas as de pontuação menor, não. Ficam por conta de cada atleta, e podem fazer diferença. Para acompanhar a adversária pela vaga, Priscilla gastou em torno de R$ 12 mil.

? Foi o maior sufoco participar de todas as corridas. Para economizar, viajava sozinha, sem técnico. Paguei estadia em hotel e passagem em cima da hora, que fica mais cara. Utilizei um pouco do dinheiro da minha mãe e quase tudo que tinha do Bolsa Atleta ? diz.

Filha de pais separados, Priscilla mora com a mãe, advogada; o irmão um ano e meio mais velho, que é seu treinador; e a irmã mais nova, de 14 anos. Criada numa família de classe média, com pouca sobra financeira, estudou em escola municipal e precisou fazer supletivo para concluir o ensino médio, já que em certo momento os compromissos com o esporte e as viagens dificultaram na escola. Mas, faz questão de ressaltar, sempre passou de ano, e com boas notas. Trancou a faculdade de arquitetura e urbanismo no fim de 2014 para se dedicar com exclusividade ao sonho olímpico.

Ciclismo De Bike

? Não tem sido fácil, mas amo o que faço, e queria me dedicar inteira ? conta a jovem, que iniciou no BMX aos 7 anos, por influência do irmão, o primeiro a gostar do esporte.

Dificuldade, aliás, parece fazer parte do treinamento. O Brasil não tem pista de Supercross, a olímpica. Prometida para 2014 e adiada para 2015, em razão de dificuldades em atrair interessados na licitação, ela ainda está em construção, em Londrina (PR). Priscilla se alterna entre Sorocaba, onde só tem permissão para treinar em dois dias da semana, e a vizinha Votorantim, em pistas sem as medidas apropriadas para a prova olímpica.

? Só tenho dois dias liberados para mim porque represento São José dos Campos (também em São Paulo), onde recebo apoio financeiro. Mas é longe (são 180 km de distância para Sorocaba, onde mora) ? relata.

A pista do Rio ela conheceu no evento-teste. Adorou. E tem grandes expectativas.

? Gostei bastante, faz o meu tipo, é muito técnica, com saltos exigentes ? elogia.