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Fórmula-E se consolida em temporada com dois brasileiros

Os motores não roncam tão alto e os carros chegam a pouco mais de 200Km/h. Nem por isso, a Fórmula-E deixa de fazer barulho no mundo do automobilismo. A terceira temporada da categoria, que usa monopostos elétricos, começa na madrugada de hoje, em Hong Kong, e já é considerada uma das principais modalidades, talvez atrás somente da Fórmula-1. A visibilidade, sobretudo no Brasil, ainda não é das maiores. Poucos devem saber que Nelsinho Piquet foi o campeão da primeira temporada, em 2014/2015, da modalidade chancelada pela FIA. Ou que Bruno Senna e Jacques Villeneuve já competiram e Alain Prost comanda a atual equipe campeã com o francês Sebastien Buemi ? o filho do tetracampeão de F-1, Nico Prost, é o outro piloto do time Renautl e.dams.

? Como piloto é a mesma coisa das outras categorias. Trabalhamos para melhorar a equipe, o carro, o desempenho das pessoas, não muda nada, até mesmo pilotagem. Há um aspecto de ser eficiente o tempo todo para usar o máximo do carro. Fora isso, corrida é corrida e não muda muita coisa ? disse Nelsinho, cuja temporada será de aprimoramento do carro, com poucas chances de conquistar o bicampeonato. ? A minha equipe resolveu tomar conta de tudo. Tivemos que contratar mais de 20 pessoas, reestruturar toda a equipe e desenvolver o carro. Espero marcar pontos, estar entre os 10, os 5 no fim de semana. É um projeto de longo termo.

Info Fórmula E

Porém, a ideia surgida em 2012 de colocar carros a bateria em circuitos de rua é considerada o futuro do automobilismo. Não apenas pela questão da sustentabilidade: os monopostos não produzem poluentes, são mais silenciosos (máximo de 80 decibéis) e utilizam energia limpa para serem recarregados. A eficiência é o motor da categoria, que apresenta o desenvolvimento tecnológico de veículos elétricos para um modelo de cidade daqui a algumas décadas.

? A categoria foi criada pelo concento de eficiência das novas tecnologias. Os motores elétricos são três vezes mais eficientes do que os à combustão. Vão ser o futuro do transporte e da mobilidade urbana nas cidades. É só uma questão de tempo para o transporte ser elétrico no futuro, talvez em 20, 30 anos. Isso é um consenso da indústria, automobilismo nada mais é do que o reflexo do que a tecnologia de ponta deseja mostrar ,como capacidade de produção ? explicou Lucas di Grassi, o outro brasileiro na competição, que foi terceiro e segundo lugar nas outras temporadas.

Os melhores momento da última temporada da Fórmula E

Além de tudo é um negócio, e bem grande. A Fórmula-E pertence a Liberty Media Corporation, um conglomerado de telecomunicações americano, que acabou de adquirir a Fórmula-1. As grandes montadoras também já se deram conta do potencial da modalidade.

? Conseguimos ver o futuro da categoria na resposta das montadoras que estão se envolvendo na categoria: a Mercedes assinou agora, tem BMW, Audi, Volkswagen, Jaguar… Não tem muito o que provar mais, está indo para a direção certa ? acredita Nelsinho Piquet.

PIT STOP PARA TROCAR DE CARRO

A categoria conseguiu chegar a lugares que outras modalidades não conseguiram, como Nova York. No ano que vem, duas etapas serão disputadas no Brooklyn, na região portuária. Só não há GP na Oceania.

Detalhes sobre a Fórmula E

? O mundo tem tentado há anos uma corrida em Nova York, que é a capital do mundo. Nós estamos na lua ? disse Alejandro Agag, CEO da Fórmula-E, recentemente ao New York Times.

A maior igualdade entre as equipes ? a aerodinâmica é fixa para todos os carros ?, a acessibilidade às provas, que acontecem no centro das cidades, e a participação do público são alguns dos fatores do sucesso. Os torcedores, inclusive, têm participação direta. Eles escolhem três pilotos, por site e redes sociais, para receberem uma ?energia extra? por alguns segundos no final da corrida. A bateria, com potência máxima de 200kw, não dura todo o GP. No lugar de recarregá-la, o que demoraria muito, as 10 equipes têm de ter quatro monopostos ? dois para cada piloto ? e a troca é feita num pit stop.

As mudanças nos carros da Fórmula E

? Estão entendendo que o esporte é um show, entretenimento e estão investindo nesse aspecto. Ainda dá para melhorar, mas é uma das coisas fortes que a Fórmula-E tem ? conta Nelsinho.

Atualmente, as equipes investem 20% do valor gasto na Fórmula-1. Mas a expectativa é que isso mude.

? Com o mesmo dono, a tendência é a F-1 se consolidar nos circuitos já existentes e F-E nos de rua. Vão coexistir num nível muito parecido, em termos de investimentos e de qualidade dos pilotos.

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