RIO – O escândalo de doping que tirou mais de cem atletas da Rússia da Olimpíada do Rio não traz uma pressão extra para a atuação do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD). Isso é o que garante o professor Francisco Radler, diretor do laboratório, que integra a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Embora o LBCD tenha tido sua acreditação suspensa pela Agência Mundial Antidoping (Wada) em junho – suspensão derrubada no mês seguinte -, Radler garante que o laboratório está pronto para realizar os cerca de 6 mil exames previstos durante os Jogos de 2016.
– Não queremos provar nada a ninguém. O laboratório é uma peça neste jogo, apenas faz uma análise. A incógnita é saber se os atletas vão acreditar que o laboratório está com tecnologia atualizada ou se vão arriscar. Esperamos que sejam os Jogos Olímpicos mais limpos da história, mas se os atletas não acreditarem na nossa garantia, então serão os Jogos Olímpicos mais sujos da história, porque estamos preparados para esta tarefa – afirmou Radler.
– Um resultado analítico adverso traz um sentimento de tristeza, mas não exatamente um sentimento de culpa, já que estamos fazendo o nosso trabalho – completou.
Radler, como ele mesmo explicou, decidiu “sair pela tangente” quando perguntado sobre os motivos para a suspensão de credenciamento do LBCD, em junho, e não quis confirmar se houve um falso positivo causado por erro humano. Após uma visita de oficiais da Wada, o laboratório voltou a ser considerado apto, em julho, para atuar na Olimpíada do Rio. Radler definiu a suspensão e a visita como “um procedimento normal para a avaliação da qualidade dos procedimentos”.
– O sistema de controle de dopagem é sem dúvida o mais rigoroso tipo de análise. No mundo, há 34 laboratórios acreditados pela Wada, contra 16 mil laboratórios de análise clínica geral só no Brasil. Ou seja, uma universidade brasileira desenvolveu um nível tão rígido que vários outros não conseguem. O que aconteceu (suspensão e visita da Wada) foi uma demonstração da nossa excelência – defendeu.
O LBCD atuará 24h por dia durante a Olimpíada, em uma operação descrita por Radler como dez vezes maior do que o normal. Para isso, o efetivo total de trabalho quase triplicou, chegando a 400 pessoas, sendo 90 deles especialistas internacionais trazidos especialmente para os Jogos. O investimento do governo federal na construção de um novo prédio para o laboratório de controle de dopagem, inaugurado em 2014, foi de R$ 151,3 milhões.