NOVA YORK – O banco americano Wells Fargo pagará US$ 185 milhões para solucionar ações que acusam funcionários do banco de abrir contas de depósito e cartão de crédito sem aprovação dos clientes com o objetivo de atingir metas de vendas e conquistar recompensas financeiras, afirmaram reguladores americanos nesta quinta-feira.
O banco abriu mais de 2 milhões de contas sem conhecimento dos clientes, informou o Escritório de Proteção Financeira do Consumidor (CFPB, na sigla em inglês) em comunicado. O Wells Fargo, que demitiu 5.300 funcionários envolvidos nas irregularidades, concordou em pagar uma multa de US$ 100 milhões ao órgão, US$ 35 milhões ao Escritório de Fiscalização de Câmbio e US$ 50 milhões à procuradoria da cidade de Los Angeles para resolver o caso. O banco, sediado em São Francisco, também compensará os clientes que arcaram com tarifas ou encargos, disseram as agências.
?Os funcionários do Wells Fargo abriram secretamente contas não-autorizadas para atingir metas de vendas e receber bônus?, declarou o diretor do CFPB, Richard Cordary na declaração do órgão. ?Devido à severidade dessas violações, o Wells Fargo pagará a maior penalidade já imposta pelo CFPB?.
O banco concordou em solucionar as alegações sem admitir ou negar as acusações e, em comunicado, afirmou que havia resguardado US$ 5 milhões para remediação de clientes.
?Lamentamos e assumimos responsabilidade por qualquer instância em que clientes possam ter recebido um produto que não pediram?, disse o banco.
?QUESTÃO NÃO ERA MATERIAL?
O banco não havia revelado a investigação em documentos regulatórios recentes.
?A cada trimestre, consideramos todos os fatos e circunstâncias disponíveis, relevantes e adequados para determinar se uma questão litigiosa é material e revelar em nossos documentos públicos?, esclareceu Mary Esher, porta-voz do Wells Fargo, em nota. ?Com base nessa revisão, determinamos que a questão não era material?.
Milhares de empregados do banco estão envolvidos na abertura de contas e movimentação de dinheiro que resultou na cobrança de tarifas e serviços não solicitados por clientes, segundo os reguladores. Mike Feuer, procurador da cidade de Los Angeles, processou o Wells Fargo no ano passado e acusou o banco de exercer pressão de cotas sobre os trabalhadores, o que os encorajava a burlar regras.
?Quando trabalhei no Wells Fargo, enfrentei a ameaça de ser demitido caso não atendesse cotas de venda exorbitantes todo dia, e já é hora do Wells Fargo pagar pela caça por clientes em comunidades financeiras?, afirmou Khalid Taha, ex-funcionário, em comunicado.
Apesar do escândalo, as ações do Wells Fargo operavam em estabilidade na bolsa de Nova York, a US$ 49,77. Os papéis caíram 8,4% este ano.