VITÓRIA – A região metropolitana de Vitória vive um clima de cidade fantasma após a explosão de violência nos últimos dias, desde que a Polícia Militar deixou de patrulhar as ruas. Durante toda a noite de segunda-feira e no início da manhã desta terça-feira, o que se viu nas vias expressas da cidade foi um tímido movimento de carros. A maioria do comércio também não abriu as portas nas primeiras horas da manhã.
Os ônibus pararam de circular às 16h de ontem e ainda não retomaram a atividade normal. A recomendação das empresas é que os motoristas só retomem os trabalhos quando houver segurança para o trabalho e para os passageiros. No final da tarde de segunda-feira, homens do Exército começaram a ocupar as ruas da capital, onde foram saudados por moradores que ainda transitavam pela cidade ou das janelas de suas casas.
RUAS DESERTAS
À noite, já não se via mais ninguém. Juntas, a vizinha Vila Velha e Vitória têm cerca de 400 mil habitantes, mas pareciam um pequeno município do interior, sem movimentação alguma. A equipe do GLOBO chegou à região metropolitana de Vitória, pela BR 101, pouco depois das 21h30m de ontem. Cruzou toda a cidade de Vila Velha, a ponte que liga as duas cidades e percorreu Vitória até o bairro da Praia do Canto. Em todo o percurso, de cerca de 40 minutos, cruzou com apenas 16 outros carros. Pessoas a pé foram menos de dez. Praças e mesmo as avenidas principais das duas cidades estavam desertas.
Nenhum ônibus foi visto. Vítima de muitos saques, o comércio também passou toda a noite de portas fechadas. Funcionários da prefeitura e de empresas particulares foram liberadores do expediente após o almoço, com a recomendação de ficarem em casa.
TROPAS FEDERAIS
Na manhã desta terça-feira, o movimento ainda era muito pequeno nas principais vias da cidade. O secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, afirmou no início da manhã que os cerca de 200 homens da Força Nacional de Segurança cedidos pelo governo federal já estão na grande Vitória e vão começar a ir para as ruas ao longo do dia.
Ele disse esperar que policiais militares também comecem a retomar o patrulhamento nas ruas. Por enquanto, eles seguem dentro dos batalhões, cujas saídas estão ?trancadas? pelos protestos de familiares dos PMs, que cobram melhores salários e condições de trabalho. Assim, os policiais dizem não ter condições de ir às ruas trabalhar. Esta postura é uma tática para as associações de PMs afirmarem que não estão em greve, o que é proibido pelas leis militares.
A Justiça já determinou a cinco sindicatos de policiais e bombeiros que interrompam a greve e voltem ao trabalho. As associações alegam que não são responsáveis pelo movimento.
? Estamos levantando quem está insuflando este movimento, nos quartéis e nas redes sociais. A prioridade, no entanto, é devolver segurança à população. Os 200 homens da Força Nacional já vão para as ruas, onde já está o exército ? afirmou o secretário de Segurança ao “Bom Dia Espírito Santo”.