BRASÍLIA ? A vice-presidente da Câmara da Itália, Marina Sereni ? que passou a tarde desta terça-feira em audiências com deputados na Câmara e teve um encontro com o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA) ?, disse ao GLOBO que a situação do país é “peculiar”, mas que a relação entre Brasil e Itália deve ser pragmática, não ideológica.
? Não somos ideológicos, temos que ser pragmáticos. Temos acompanhado a situação do Brasil nos últimos meses com a esperança de que a democracia brasileira possa reagir de forma positiva, porque o Brasil é um país importante para o mundo, não só para a América Latina.
A deputada italiana disse que não cabe a ela opinar sobre o impeachment, mas admitiu que o cenário é “difícil” e que tem acompanhado com atenção o desenrolar dos últimos meses.
? Não cabe a nós dizer se o que acontece está certo ou errado, não importa o que pensamos sobre o impeachment, vocês têm suas autoridades e o debate no Parlamento está muito acalorado, então olhamos para isso com muito respeito. É uma situação muito peculiar, claro que nós sabemos, mas a nossa amizade com o Brasil não está em questão ? afirmou.
Sereni contou que, diante da instabilidade política que o país atravessa, chegou a perguntar a alguns parlamentares, de partidos diversos, se deveria adiar a vinda ao Brasil, mas a resposta foi que o Parlamento está trabalhando e que deve “seguir em frente”. A italiana afirmou que a situação brasileira, que tem hoje dois presidentes da República e dois presidentes da Câmara dos Deputados, é “difícil” e “peculiar”.
? Não estou preocupada, perguntamos aos nossos amigos de vários partidos: ‘vocês estão preparados para nos receber ou acham que devemos adiar”? E eles responderam que estavam prontos, que o Parlamento está seguindo em frente e que estão trabalhando, mesmo que numa situação difícil e peculiar ? afirmou Sereni.
ENCONTRO COM TEMER
Marina Sereni se encontra, ainda na tarde desta terça-feira, com o presidente interino Michel Temer (PMDB-SP) e esteve de manhã com o ministro Raul Jungmann (Defesa), acompanhada do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), pai da deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, que também integra a comitiva italiana. A conversa com Jungmann, que ela descreveu como “muito boa”, foi sobre o alargamento da cooperação entre empresas dos dois países e também sobre a missão de paz da ONU no Líbano. O Brasil lidera a força-tarefa marítima da ONU no país desde 2011.
A deputada disse que a relação entre os dois países não deve ser ideológica, e sim pragmática, sem considerar a crise política no país. E que, no encontro com Temer, defenderá o estreitamento da relação com o Brasil.