BOGOTÁ Uma influente unidade das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciou na quarta-feira que se recusa a entregar as armas e se desmobilizar, apesar do recente acordo sobre um cessar fogo bilateral e definitivo assinado em Havana pela guerrilha e pelo governo da Colômbia. O anúncio foi a primeira rejeição pública de um dos grupos da guerrilha ao processo de paz que visa a acabar com mais de cinco décadas de conflito.
De acordo com fontes militares, a Frente Primeiro Armando Rios é composta por cerca de 200 combatentes e está localizada no departamento de Guaviare, no Sudeste do país. A unidade rebelde, que sequestrou a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt entre 2002 e 2008, sustentou que as negociações de Havana não resolverão os problemas econômicos e sociais que levaram o grupo a pegar nas armas, em 1964.
A Frente Primeiro Armando Rios decidiu não se desmobilizar, vamos continuar a luta pela tomada do poder pelo povo e para o povo, independentemente da decisão tomada pelos outros membros da organização, disse em um comunicado.
A recusa do grupo vem duas semanas após o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder das Farc, Timoléon Jiménez, conhecido como Timoshenko, referendar o cessar-fogo acordado em Havana, depois de mais de três anos de negociações.
Santos reagiu rapidamente ao anúncio da Frente Primeiro, advertindo que se o grupo não entregar as armas, será perseguido com todo poder do Exército colombiano.
Qualquer um que tenha dúvida, é melhor que a deixe de lado e acolha (o acordo de paz), porque é a última chance para mudar de vida, senão eles vão acabar, eu asseguro, em uma cova ou na prisão disse o presidente em um discurso no município de El Retorno, em Guaviare, muito perto da área onde a unidade rebelde se concentra.
Ativamente ligada ao tráfico de drogas, a Frente se comprometeu a respeitar os guerrilheiros que optarem por deixar a luta armada. Mais de 220 mil pessoas morreram no conflito.
FARC PEDE FIM DE IMPOSTO DE GUERRA
As Farc, que suprimiu seu imposto de guerra na Colômbia, pediu na quarta-feira que o governo adote uma medida similar e reoriente sua política para o investimento social.
A decisão insurgente deve levar o governo nacional a reorientar sua política fiscal, suspendendo qualquer imposto destinado à guerra, priorizando o investimento social e garantindo os recursos necessários para enfrentar os desafios da implementação do acertado no processo de paz, assinala um comunicado enviado à AFP.
Na segunda-feira, Timochenko anunciou o fim do imposto cobrado pela guerrilha em entrevista à agência colombiana Prensa Rural.