Cotidiano

Trabalhadores são demitidos e obras podem parar totalmente

Segundo trabalhadores, somente nos últimos 30 dias pelo menos cem pessoas foram mandadas embora por falta de recursos

Capitão Leônidas Marques – A Superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Paraná afirmou nessa semana que a obra da BR-163 entre Cascavel e o Distrito de Marmelândia, em Capitão Leônidas Marques, não deverá parar, mas, na prática, o que se vê é outra. O Jornal O Paraná apurou que um grupo de funcionários foi demitido na última quinta-feira sob a alegação de que os trabalhos deverão ser interrompidos em sua totalidade. No desligamento, segundo relataram alguns trabalhadores, a afirmação foi de que não há mais dinheiro para o trecho, que os recursos se esgotaram e que até a obra sobre a ponte do Rio Iguaçu, onde a estrutura precisa estar pronta até novembro porque o nível do rio vai subir com o alagamento do reservatório da usina do Baixo Iguaçu, está comprometida.

A reportagem apurou ainda que nos últimos 30 dias ao menos 100 trabalhadores dessa obra foram desligados. Poucos ficaram, em torno de 40, justamente os que estão trabalhando na ponte, mas tudo indica que essa obra também seja interrompida até metade deste mês.

A construtora teria relatado aos trabalhadores que não tem como desembolsar recursos para seguir com a edificação, como fez no ano passado. Em 2017 o consórcio que administra o trecho, o Sanches Tripoloni – Maia Melo, injetou recursos próprios que só foram reembolsados neste ano quando foram liberados cerca de R$ 70 milhões.

Dos 74 quilômetros num trecho em que a edificação foi orçada em R$ 579 milhões, o Dnit retificou sua informação de que metade da obra estava pronta para 40% concluídos. As obras ali começaram em 15 de outubro de 2015 e deveriam ser entregues para tráfego total em outubro deste ano. Hoje, a estrutura depende ainda de cerca de R$ 300 milhões para ser finalizada. Ocorre que não há mais recursos previstos para o trecho no orçamento deste ano. Nessa semana o coordenador de Engenharia do Dnit no Paraná, Max Alberto Cancian, afirmou que o superintendente do órgão no Estado, José da Silva Tiago, estava em Brasília, na tentativa de sensibilizar o Executivo a partir do Ministério do Planejamento e da Casa Civil de injetar mais verbas nesse trecho, assim como na duplicação da BR-163 entre Toledo e Marechal Cândido Rondon, isso para o orçamento do ano que vem.

Na última quinta-feira, o engenheiro disse que não acreditava na paralisação completa dos serviços nos dois trechos, mas admitiu que poderia haver uma redução na força de trabalho justamente pela escassez de verbas. “O Dnit é um braço do Executivo e coloca em prática o que está no orçamento. Ele não delibera sobre o orçamento executando o que está na lei orçamentária, por isso estamos tentando colocar recursos em 2019”, destacou.

No consórcio que administra o trecho ninguém foi localizado para comentar os desligamentos e a paralisação dos serviços.