Cotidiano

Suspeito de receber propina da JBS assume presidência do comitê de fundo do FGTS

O jornalista Luiz Fernando Emediato, eleito nesta quarta-feira (31) presidente do Comitê de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), foi citado na delação de executivos do frigorífico JBS por suspeita de ter recebido R$ 2,8 milhões em propina.

De acordo com Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F, que controla a JBS, Emediato recebeu a propina quando ocupava o cargo de secretário especial no Ministério do Trabalho. Na época, disse, a pasta estava sob o comando de Brizola Neto.

Saud diz que, em troca da propina, Emediato realizou fiscalizações em pequenos frigoríficos que, diz o diretor da J&F, não cumpriam a legislação trabalhista e, por isso, tornavam difícil a competição no mercado de carnes.

O diretor da J&F disse ainda que a propina foi paga por meio da Editora Geração, empresa que pertence a Emediato.

Em nota, Emediato negou as acusações feitas por Saud, que ele classificou de "ineptas". "Eu não estava mais no Ministério do Trabalho quando minha empresa de Comunicação fez para a JBS – durante um ano – notas por serviço efetivamente prestado, para a campanha da Friboi, após cumprir quarentena."

De acordo com Saud, o ex-ministro Brizola Neto não participou do esquema.

Emediato é ligado à Força Sindical. Ele também foi citado por delatores da Odebrecht por sua ligação com o deputado federal Paulinho de Força (SD-SP).

Emediato foi eleito para mandato de um ano. A Presidência do fundo é ocupada, em rodízio, por representantes de empregadores, trabalhadores e governo. Emediato foi eleito como representante dos trabalhadores.

O FI-FGTS usa parte dos recursos do FGTS para investir em construção, reforma, ampliação ou implantação de empreendimentos de infraestrutura em rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, aeroportos, energia e saneamento.

A Caixa Econômica Federal, administradora do fundo, informou, por meio de nota à imprensa, que não participa da decisão sobre a escolha do presidente do Comitê de Investimento do FI-FGTS, e "tampouco tem qualquer ingerência sobre esse processo".

"Quem escolhe o presidente são os membros do comitê de investimentos, que por sua vez são designados pelo Conselho Curador do FGTS", acrescentou.

Resultados do FI-FGTS

Em 2015, o fundo registrou prejuízo de R$ 900 milhões, o que representou um retorno negativo de 3%. O resultado de 2016 ainda não foi divulgado.

No ano retrasado, o FI-FGTS teve perda de R$ 1,5 bilhão com a Sete Brasil, empresa criada para construir sondas para exploração de petróleo em águas profundas e que está em recuperação judicial.

Naquele ano, foi a primeira vez que o FI-FGTS registrou retorno negativo desde que foi criado, em junho de 2007.

No ano passado, o FI-FGTS foi alvo da Operação Sépsis, deflagrada pela Polícia Federal, que tem como alvo um suposto esquema de pagamento de propina para liberação de recursos do FI-FGTS.

A operação teve como base delações do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e do ex-diretor da empresa Hypermarcas Nelson Mello.