ROMA ? O Governo do Sudão do Sul e as Nações Unidas declararam situação de fome em vários pontos do país do Norte africano. A alegação é feita em um momento em que 5 milhões de pessoas, metade da população, estão em estado de inanição provocado pela guerra que atinge o Sudão do Sul há mais de três anos. No estado de Unidade, no norte do país, algumas áreas estão em situação de ?fome ou risco de fome?, segundo o presidente do Escritório Nacional de Estatísticas do Sudão do Sul, Isaiah Chol Aruai.
? A convergência de provas mostra que os efeitos no longo prazo do conflito, junto com os altos preços dos alimentos, a crise econômica, a baixa produção agrária e as poucas opções de subsistência resultaram em 4,9 milhões de pessoas afetadas pela fome ? disse Chol Aruai.
De acordo com as Nações Unidas, a classificação de fome é declarada quando, pelo menos, 20% das famílias de uma determinada área enfrentam falta extrema de alimentos; as taxas de desnutrição crônica aumentam em 30% e duas ou mais pessoas, entre 10.000, morrem por dia. Em relatório publicado nesta segunda-feira, a ONU afirma que há ao menos 3 milhões de desalojados no país e o aumento dos deslocamentos podem prolongar a baixa produção de alimentos até 2018.
? A principal tragédia do relatório apresentado hoje é que se trata de um problema provocado pelo homem ? denunciou Eugene Owusu, coordenador humanitário das Nações Unidas para o Sudão do Sul.
Owusu afirmou que o conflito e a insegurança vivida pelos trabalhadores humanitários, que foram atacados durante o exercício de sua profissão, assim como o saque de “bens humanitários” agravaram a crise.
? Gostaria de aproveitar esta ocasião para convocar o governo, as partes em guerra e todos os atores a apoiar os trabalhadores humanitários a fornecer o acesso necessário e que sigam fazendo nossos serviços de socorro chegarem às pessoas necessitadas ? declarou o coordenador da ONU.
A guerra no Sudão do Sul, rico em petróleo, explodiu em 2013, dois anos após sua independência, depois que o presidente Salva Kiir acusou seu ex-deputado Riek Mashar de planejar um golpe de Estado. A ONU chegou a alertar sobre um possível genocídio no país cada vez mais dividido. A situação se agrava, pois muitos fazendeiros não conseguem fazer a colheita de suas plantações e com uma hiper inflação de 800% marcada no ano passado, a população não tem acesso à comida.