Cotidiano

Sobram leitos vazios no SUS

 

Apesar do caos na saúde pública de Cascavel – com Unidades de Pronto-Atendimento lotadas – mais da metade dos leitos do Sistema Único de Saúde fica desocupada. Mas isso não ocorre pela falta de pacientes, muito pelo contrário: por negligência de hospitais públicos e particulares que ignoram os pedidos da Central de Leitos.

A 10ª Regional de Saúde conta hoje com 972 leitos do SUS, e a taxa de ocupação do ano de 2017 foi de 49,46%. O Município de Cascavel tem registrado no ano passado, 575 leitos SUS, e a taxa de ocupação para 2017 foi de 67,63%. A constatação foi feita pelo vereador Fernando Hallberg (PPL) que requereu os dados ao Ministério da Saúde e os encaminhou ao Ministério Público. “Temos AIHs [Autorizações de Internamentos Hospitalares] sobrando para o Município de Cascavel, se temos leitos SUS sobrando no Município de Cascavel, por qual motivo as pessoas ainda permanecem esperando leitos por dias nas UPAs de Cascavel?”, questiona o parlamentar.

A média de ocupação é a mesma de todo o Paraná: 45%. O relatório aponta uma redução de leitos SUS no Estado, de 2011 (20.903) para 2018 (20.702 leitos).

Taxa de ocupação

A investigação de Hallberg apontou ainda que no Hospital São Lucas a taxa de ocupação de 2017 foi de 40,15%, e referente ao Hospital do Coração a taxa de ocupação foi de 68,83% no ano de 2017. “Isso nos remete ao que já denunciamos. O hospital não recusa o leito, mas quando a Central de Leitos efetua um click para um determinado hospital, se esse hospital não responde em três horas, o click volta para a Central de Leitos e não fica registrado como recusa do hospital”, revela o parlamentar, que também denuncia a Central pela falta de médico regulador. “O médico bate o ponto e vai trabalhar em outro lugar – só Cascavel não tem médico na Central de Leitos”.

Promotoria

O vereador pede ao promotor da Saúde, Ângelo Mazzuchi Ferreira, para que os hospitais tenham registros desses pedidos de clicks. “Os hospitais não vão recusar os leitos se eles podem simplesmente se omitir na resposta e isso não terá nenhum tipo de punição. Há um indício claro também de omissão por parte da Central de Leitos e do sistema da Central de Leitos que propicia esse tipo de omissão”, diz Hallberg.

JOSIMAR BAGATOLI

Foto: Por falta de leitos, com frequência pacientes são improvisados em salas de emergência