Cotidiano

Snowden pede perdão de Obama e acredita que pode voltar aos EUA

MOSCOU ? O ex-analista da CIA Edward Snowden, exilado em Moscou depois de ter revelado métodos de espionagem do governo americano em 2013, pediu ao presidente Barack Obama que o perdoe antes de deixar o cargo, em janeiro. Em entrevista ao jornal britânico ?The Guardian?, Snowden argumentou que fez não somente o que era ?moralmente certo, mas também o melhor para os cidadãos?.

? Sim, há leis nos livros que dizem uma coisa, mas talvez seja para isso que o poder do perdão exista: para as exceções, para coisas que parecem imorais nas páginas, mas que se olharmos moralmente, eticamente, e para os resultados, parecem ser necessárias, que eram vitais ? afirmou.

A entrevista foi divulgada a três dias do lançamento do longa-metragem biográfico ?Snowden?, dirigido por Oliver Stone, que reacendeu o debate sobre o perdão do governo americano ao ex-agente. O cineasta e boa parte do elenco se posicionaram publicamente a favor da anistia do ex-analista da CIA, criticando a postura de Obama e a Lei da Espionagem, que pode condenar o ex-funcionário a pelo menos 30 anos de prisão. Nesta quarta-feira, uma grande petição internacional assinada por grupos como Anistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) será lançada para pressionar o presidente.

Um agravante à campanha é o vencimento da permissão de asilo político para Snowden na Rússia, que termina no ano que vem. O americano, que já criticou o presidente russo Vladmir Putin por suas políticas de direitos humanos, disse que está preparado para cumprir pena, se necessário.

? Estou disposto a fazer muitos sacrifícios pelo meu país ? disse Snowden, que será interpretado por Joseph Gordon-Levitt no filme de Stone. ? Se não fosse por esta divulgação, por estas revelações, estaríamos (em situação) pior.

O jornal ?The Guardian?, que ganhou o prêmio Pulitzer de jornalismo pelas reportagens com os arquivos vazados por Snowden, apontou que as chances de Obama perdoar o ex-funcionário são remotas, especialmente pelo histórico do governante como advogado constitucional. Em 2015, a Casa Branca recusou um documento assinado por 150 mil pessoas que pedia a anistia do americano. Mesmo assim, Snowden se mantém otimista:

? Com o tempo, eu acho que vou acabar voltando para casa ? acredita. ? Quando as autoridades, que sentem que devem proteger seus programas, posições e carreiras, deixarem o governo e começarem a olhar sob a perspectiva histórica, ficará claro que essa guerra contra os whistleblowers não serve aos interesses dos Estados Unidos, pelo contrário: os prejudica.