LONDRES ? Personagem icônico da cena grime britânica, o cantor e compositor Skepta superou David Bowie, Radiohead, Anohni e outros ao vencer o Mercury Prize 2016 com seu quarto e político álbum, “Konnichiwa”.
Ele é o primeiro grime rapper a levar o prêmio desde que Dizzie Rascal levantou o troféu em 2003 por “Boy in da corner”.
“Eu estou tão agradecido. Venho tentando fazer música e trabalhar com isso há tanto tempo…”, disse ele em seu discurso de agradecimento. “E eu ficava, tipo, ‘vamos fazer isso por nós mesmos’. Todas essas canções, nós viajamos pelo mundo, sem gravadora, nada. Nós apenas fizemos isso por nós mesmos, mas o amor é muito apreciado”.
Ao anunciar o vencedor, a comissão julgadora comentou: “Esse é um grande disco! Confiante, divertido, inteligente, assustador, pessoal e político. Skepta faz música para os nossos tempos”.
Silvio Essinger, crítico musical do GLOBO, ouviu “Konnichiwa” e assim avaliou o disco: “o quarto álbum de Skepta é musicalmente muito bem comportado em relação ao estilo grime que representa. O instrumental tem bom gosto, mas não é nada de mais ou de novo, pendendo entre uma fixação pelo rap dos anos 1990 e algumas tentativas de modernização. O que se destaca no disco é o fluxo de raps do artista, que lembra o de pioneiros americanos dos anos 1980. Skepta é um versador incansável, inteligente, que busca seu lugar numa cena planetária de rap povoada por artistas mais craques em posar de maus do que em aprimorar uma letra”. ‘Konnichiwa’, de Skepta
A vitória do rapper nascido no bairro de Tottenham foi uma surpresa para as casas de apostas, que apontavam uma vitória póstuma para o disco final de David Bowie, “Blackstar”.
Durante seu discurso, Skepta citou o amigo Kano, que também esteve entre os 12 finalistas do Mercury Prize por “Made in the manor”.
“Kane – pela vida, irmão – nós conseguimos”, comemorou, antes de continuar: “E, por último, minha mãe e meu pai, e todas as mães e pais dos meus amigos, porque eles nos fizeram, eles nos deram essa voz em nossas cabeças que diz para nos mantermos na linha. Todos nós ganhamos hoje. Konichiwa!”.
A cena grime, um gênero de música urbana que surgiu em Londres e faz uma mistura de hip hop, ragga, jungle, drum and bass e garage, tem desfrutado de um ressurgimento enorme ao longo dos últimos dois anos, com Skepta no batalhão de frente. Michael C. Hall, “Lazarus”
O ator Michael C. Hall, protagonista da série “Dexter”, se apresentou na cerimônia interpretando “Lazarus”, de Davis Bowie. O Radiohead também tocou na festa.
Os finalistas do álbum do ano pelo Mercury Prize:
Anohni – “Hopelessness”
Bat For Lashes – “The bride”
David Bowie – “Blackstar”
Jamie Woon – “Making time”
Kano – “Made in the manor”
Laura Mvula – “The dreaming room”
Michael Kiwanuka – “Love & hate”
Radiohead – “A moon shaped pool”
Savages – “Adore life”
Skepta – “Konnichiwa”
The 1975 – “I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it”
The Comet Is Coming – “Channel the spirits”