BRASÍLIA ? O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta segunda-feira que a Casa realiza varreduras desde 2003, de forma legal, e que de 2013 a 2016 foram registrados 32 pedidos de varreduras. A lista inclui varredura até no gabinete do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, no gabinete do ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, indicado por Renan, e até em dependências do ex-presidente José Sarney. Há senadores que pediram varreduras mais de uma vez, como Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Collor (PTC-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI). A lista divulgada pelo Senado fala em 32 pedidos, mas apenas 19 têm ao lado a indicação da data em que a varredura foi feita. O Senado não explicou porque algumas não têm as datas do cumprimento da ordem e se foram realmente feitas.
Renan não explicou porque a varredura foi feita a pedido de Sarney, que já era ex-senador, mas fez questão de ler um artigo de Rui Barbosa dizendo que o parlamentar não tem sua atuação circunscrita ao Senado. As varreduras foram feitas inclusive em residências.
? Essa atividade de varredura é rotineira. A varredura não tem nada a ver, absolutamente, com a Lava-Jato, porque a Lava-Jato não faz escuta ilegal. A Lava-Jato é um avanço civilizatório. Os equipamentos só detectam escuta ilegal ? disse Renan.
Renan acrescentou que os senadores vítimas de operações da Lava-Jato tinham medo de invasão de privacidade.
? Os senadores, aqueles cujas varreduras foram logo depois das buscas e apreensão, temiam, na verdade que estivessem sido devassados na sua intimidade e na intimidade das suas famílias. Tem caso de filhinhas que foram acordadas de forma truculenta ? disse ele.
A varredura no gabinete da Presidência da Câmara e da residência oficial foi feita a pedido da Câmara. A solicitação foi feita em 13 de novembro de 2015, e a varredura no gabinete da Presidência foi feitas em nos dias 16 e 27 de novembro. Já na residência oficial ocorreu no dia 20 de novembro de 2015. Eduardo Cunha só foi afastado e cassado em 2016, mas o processo de impeachment de Dilma Rousseff estava em curso na Câmara.
Já o pedido para varredura no gabinete do ministro Bruno Dantas, do TCU, foi feito pelo próprio Renan, que o indicou para o cargo. A solicitação ocorreu no dia 20 de maio de 2016.
O pedido de varredura sobre Sarney foi feito em 05 de julho de 2015, mas não tem a data ao lado de execução. Ele deixou o Senado no final de 2014.
A varredura do senador Lobão Filho (PMDB-MA) nem tem o ofício de solicitação, apenas a data de realização, em 16 de junho de 2014. Segundo a PF, foram feitas ações no seu gabinete e no Maranhão.
O senador Fernando Collor (PTC-AL), alvo da Lava-Jato teve varreduras feitas em 05 de novembro de 2014 e 07 de março de 2015, às 9h.
Gleisi Hoffman fez três pedidos, sendo o último em 05 de julho, em Curutiba.
A lista inclui o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em fevereiro de 2015, e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), em 30 de agosto de 2013.
Renan ressaltou que até a PF já utilizou o equipamento do Senado, a maleta Oscor 5000. Em junho de 2005, o Instituto Nacional de Criminalística pede ao diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, que está preso, o empréstimo da maleta por cinco horas.
Renan disse que as denúncias foram intriga de um agente que está sendo investigado internamente.
? É inacreditável que uma pinimba de agentes de um Poder acabe definindo uma crise institucional ? disse Renan.
O agente está sofrendo processo por dar aulas em horário de trabalho.