Quedas Nem mesmo as sucessivas tentativas de acordo e as decisões da Justiça fazem com que o MST cesse com o corte ilegal de árvores em áreas da Araupel em Quedas e Rio Bonito do Iguaçu. A extração é recorrente e os prejuízos não param, afirma a assessoria da empresa. Mais de 2,5 mil hectares de áreas nos mais diversos estágios, inclusive de proteção com araucárias, foram dizimadas pelo Movimento Sem-Terra em menos de dois anos. A perda financeira é superior aos R$ 10 milhões.
Os invasores utilizam máquinas e equipamentos da própria empresa nas operações de extração ilegal, que alimentam uma rede clandestina que banalizou o preço da madeira na região – árvores inteiras seriam vendidas a partir de R$ 15. Sem o suporte policial necessário, funcionários da empresa e terceirizados temem entrar em áreas fechadas para coletar matéria-prima à indústria. Há o risco de emboscadas e mortes, diz um empresário que teme o prolongamento de uma situação que abondona uma comunidade inteira. Sem acesso à madeira em suas próprias áreas, a Araupel busca toras a uma distância de até 300 quilômetros, o que encarece e muito a atividade.
Desemprego
A empresa tenta de todas as formas evitar demissões, mas foi obrigada a desligar cerca de cem pessoas nas últimas semanas. Tendo em vista o prolongamento da situação provocada pelo MST, a empresa se viu obrigada a fazer algumas demissões nas áreas administrativa e florestal. Desde o inicio das novas invasões, a empresa se esforça para manter os empregos porque sabe que seus colaboradores vão ter dificuldade em conseguir novos empregos na região, que está cada vez mais abalada economicamente em virtude da presença dos invasores no local, diz o diretor Tarso Giacomet.
A indústria move uma engrenagem importante da economia de Quedas e os efeitos das demissões são multiplicados. Nos últimos três meses, mais de 200 pessoas perderam seus empregos. A situação é dramática. A procura por oportunidades é intensa. Jamais vi, em períodos tão curtos, tantas pessoas na minha loja atrás de trabalho, diz um comerciante local, assustado com o cenário. Um número dá ideia do tamanho do problema: desde que as invasões a áreas em Quedas do Iguaçu começaram, a Araupel acumula prejuízo superior aos R$ 25 milhões. Devido às invasões e instabilidade jurídica, a empresa deixou de investir R$ 50 milhões no Sudoeste apenas em dois anos.
Esperança se renova com novo governo
Especialistas que acompanham as ações do MST em Quedas e em outras regiões do País afirmam que muitos dos excessos do Movimento ocorrem nesses anos todos devido à sua íntima relação com a ideologia dominante. A esperança de diretores da Araupel é de que, com o possível afastamento definitivo de Dilma Rousseff e do PT do governo, o que poderá ocorrer em agosto, as tensões cessem.
Para piorar o cenário no momento há uma forte onda de boatos no Sudoeste de que um incêndio de grandes proporções atingiria regiões de mata do Estado nos próximos dias. Diversos pequenos e médios focos de incêndio foram registrados e combatidos em Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu na última semana. A polícia investiga a autoria.
O diretor da Araupel, Tarso Giacomet, afirma: Queremos paz. Colocamos diversas vezes alternativas de aumentar a renda no campo até mesmo para os próprios assentados, o que é sempre negado pelos líderes que preferem manter a situação de conflito em função dos benefícios que acabam sendo por eles acumulados, lamenta Tarso.
A Justiça já concedeu a reintegração das áreas invadidas e deu inclusive prazo para que a desocupação ocorra. O TRF4, de Porto Alegre, deu três sentenças sucessivas afirmando que a posse das áreas questionadas pelo Movimento Sem-Terra é da Araupel. A reportagem de O Paraná não encontrou nenhum líder do MST em Quedas e região para comentar as denúncias.