BRASÍLIA – Em um almoço realizado na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no domingo, com a presença de ministros, senadores e deputados de vários partidos, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, começou a discutir pontos de uma minirreforma política cujo principal tema é a adoção da lista fechada de candidatos por partidos, sem coligações, com financiamento público de campanhas. Para vencer resistência na Câmara, uma ideia é que atuais detentores de mandato tenham preferência na lista.
Nas conversas o ministro Gilmar mostrou um quadro de impossibilidade de financiamento público com lista aberta e disse aos presentes que é preciso fazer alguma coisa. Para valer para as próximas eleições, uma minirreforma deve ser aprovada em cinco meses.
Entre uma garfada e outra de cozido ou na fila da caipirosca, os presentes conversaram sobre a estratégia para se votar um mecanismo para descriminalizar o caixa 2 – que se trata de recursos de doação não contabilizada nas prestações de contas ao TSE – e comentaram a necessidade de continuar a agenda política, independente do terremoto provocado pela lista de novos indiciados na Operação Lava-jato que será divulgada entre hoje e amanhã.
Nas rodinhas de conversa, o tema da necessidade de aprovação de uma anistia ao caixa 2 foi discutido mais reservadamente e chegou-se a conclusão de que isso deverá ser feito na votação das 10 medidas de combate à corrupção que será enviado pela Câmara ao Senado assim que a conferência de assinaturas do projeto de iniciativa popular foi concluída.
A discussão política aconteceu durante o almoço, segundo um dos presentes. Tão logo o projeto chegue ao Senado, será designado um relator que fará um substitutivo ao texto já votado na Câmara, incluindo novas regras para disciplinar o chamado caixa 2. No encontro teve bolo de aniversário e foi cantado parabéns para o ministro Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que trocaram de idade na sexta-feira e ontem, respectivamente.
? Esse assunto de um projeto para clareamento das regras de caixa dois foi tocado de leve para não haver deturpação. Se vier a acontecer, será na provocação da Câmara, quando enviar ao Senado o texto das 10 medidas. Será feito um substitutivo para votar de forma rápida, meteórica ? contou um dos senadores presentes.
Nas rodas de conversa que teve, além de Rodrigo Maia, Aécio, Imbassahy e Gilmar, participaram ainda o presidente do DEM, José Agripino; o ministro Moreira Franco (Secretaria Geral), o presidente do Senado Eunicio de Oliveira, o líder do PMDB no Senado Renan Calheiros, o ministro do Tribunal de Contas Bruno Dantas e outros parlamentares.
Renan continuou reclamando do presidente cassado da Câmara, Eduardo Cunha, preso na Lava-Jato. Disse que ele jogou no lixo a reforma eleitoral feita pelo Senado, mudando o texto na Câmara para permitir a janela de troca troca partidário. E voltou a reclamar também do deputado Carlos Marum (PMDB-MS) e de advogado que estão indo se encontrar com Cunha na cadeia para ?trazer recado? para Michel Temer.
Disse que era preciso ter uma regra que ?quem entrasse na cadeia para falar com Cunha, não poderia sair?. Segundo os presentes, em relação à iminência da divulgação da segunda lista do procurador geral Rodrigo Janot, ?todo mundo estava fingindo tranquilidade?. Mas Renan mostrou incômodo.
? Rapaz, não tem agenda! Se essa lista te paralisar você morre! É preciso continuar trabalhando, ninguém pode parar de fazer política ? dizia Renan nas rodas por onde passou.