BUENOS AIRES – O ex-ministro das Relações Exteriores e da defesa dos governos Lula e Dilma Rousseff Celso Amorim disse, nesta quarta-feira em Buenos Aires, que a solução para a crise do Mercosul ?não é expulsar nem privar a Venezuela da presidência do bloco?.
Antes de dar uma palestra no Conselho Argentino de Relações Internacionais, o Cari, Amorim avaliou a atual crise em que está mergulhado o bloco e afirmou que a saída não deve ser ?condenar nem punir? o governo do presidente Nicolás Maduro, ?a menos que o objetivo seja expulsar a Venezuela?.
? Se foi possível chegar a um acordo com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), e alcançar a paz na Colômbia, também um acordo entre os Estados Unidos e Cuba, acredito que é possível, embora difícil, um entendimento no Mercosul. O caminho deveria ser o diálogo ? ressaltou.
Segundo o ex-chanceler, punir a Venezuela pode levar a ?isolamento e radicalização?. Ele admitiu, contudo, que Caracas deveria ?fazer alguns gestos? para facilitar um entendimento entre os sócios do bloco.
Amorim sugeriu, por exemplo, que sejam estabelecidos prazos para que o governo venezuelano incorpore e cumpra normas internas do Mercosul que ainda não internalizou. Nesse aspecto, Amorim lembrou que nenhum país do bloco ?aplicou integralmente as normas do Mercosul?, entre elas, a tarifa externa comum (TEC).
? Se fosse por isso, todos estaríamos inadimplentes. É claro que existem diferentes níveis de inadimplência. Mas que país implementou integralmente a TEC? ? perguntou o ex-ministro
Perguntado sobre a proposta da Casa Rosada de criar um grupo de coordenadores integrado por representantes de todos os países que assumiria o bloco amorim disse que ?é uma possibilidade razoável, mas não é uma presidência?.
O ex-ministro disse que o que está acontecendo neste momento ?é ruim para o Mercosul e para a região?.
? Eu mesmo, no governo Itamar Franco, assinei o artigo 5 do Protocolo de Ouro Preto (que prevê a rotatividade na presidência do Mercosul) e por isso defendo sua aplicação ? comentou Amorim, que insistiu na necessidade do diálogo par superar a crise.
Uma das possíveis alternativas para a presidência pro tempore do bloco é que a Argentina assuma o posto no lugar da Venezuela.