MOSCOU ? O presidente da Rússia, Vladimir Putin, convocou seu conselho de segurança e a Marinha russa e anunciou exercícios de guerra no Mar Negro nesta quinta-feira. A decisão veio um dia após o Kremlin acusar a Ucrânia de tentar provocar uma dupla incursão armada na Crimeia, região anexada por Moscou em 2014. A postura beligerante aumentou os temores ucranianos de que a Rússia possa planejar a intensificação nos combates de uma guerra entre Kiev e separatistas pró-Rússia do Leste ? que arrefeceu graças a um frágil processo de paz.
Esta é considerada uma de suas maiores demonstrações de agressividade de Moscou contra Kiev desde o auge do conflito há dois anos. Putin prometeu adotar contramedidas em retaliação à Ucrânia, que acusou de enviar sabotadores à Crimeia para realizar atos terroristas na quarta-feira. O líder russo reuniu o alto escalão dos militares e da inteligência nesta quinta-feira e analisou “conjunturas para medidas de segurança de contraterrorismo ao longo da fronteira terrestre, na costa e no espaço aéreo da Crimeia”, disse o Kremlin.
Este conselho de segurança reuniu o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, os ministros das Relações Exteriores, Serguei Lavrov; da Defesa, Serguei Choigu, e do Interior, Vladimir Kolokolsev, assim como encarregados dos serviços secretos russos (FSB), Alexandre Bortnikov, e da inteligência exterior (SVR), Mikhail Fradkov.
REAÇÃO INTERNACIONAL
A Ucrânia classificou as acusações de falsas, afirmando que parecem um pretexto para que a Rússia acentue as hostilidades. A escalada nas tensões poderia ser usada por Putin para exigir termos melhores no processo de paz com a Ucrânia ? ou para atiçar paixões nacionalistas em casa antes das eleições parlamentares do mês que vem.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse ter ordenado que todas as unidades de seu país próximas da Crimeia e no Leste da Ucrânia fiquem em máxima prontidão de combate. Ele estava tentando conversar urgentemente com Putin, com líderes da França e da Alemanha, com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Nesta quinta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu nesta quinta-feira para discutir a tensão crescente entre Rússia e Ucrânia.
? Estamos extremamente preocupados com o aumento da tensão perto da fronteira administrativa entre a Crimeia e a Ucrânia ? declarou a porta-voz do departamento de Estado americano, Elizabeth Trudeu.
Uma autoridade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) afirmou que a Aliança acompanha de perto e com preocupação a situação na região da Crimeia. E acrescentou ainda que a Rússia não forneceu nenhuma prova tangível de suas acusações contra a Ucrânia.