NOVA YORK ? Rick Astley se exilou da música por boa parte das últimas três décadas, mas nunca o subconsciente do mundo pop.
Por um lado, sucessos como ?Never gonna give you up? e ?It would take a strong man?, ridicularizados pelos críticos na época como bregas, sobreviveram. Depois, veio todo o fenômeno do rick-rolling ? quando um link que promete algum conteúdo surpreendente ou divertido na verdade acaba sendo o clipe de Astley.
No início, o cantor se irritou com o rick-rolling. Mas logo sua filha o ajudou a perceber que a brincadeira era legal e ajudava a manter seu nome em evidência mesmo durante seus anos de exílio. Agora ele é ainda mais grato, no momento em que lança ?50?, seu primeiro álbum de inéditas em 23 anos.
?A ideia de lançar um novo disco agora… eu preciso de toda a ajuda que puder?, diz.
Mas talvez ele não precisasse de tanta ajuda assim: O álbum estreou no topo das paradas em sua terra natal, o Reino Unido, e seus dois primeiros shows nos EUA, em Nova York e Los Angeles, tiveram ingressos esgotados. Ainda com cara de menino, Astley conversou com a Associated Press sobre a vida após o sucesso nos anos 1980, rick-rolling e o que a música significa para ele agora.
Durante a sua pausa, você sentia saudades do mundo da música?
Eu acho que você nunca perder aquela sensação ? afinal de contas, você sabe, eu ainda tenho um ego ? mesmo se aposentando. Quero dizer, esse sentimento ainda está lá e há uma pequena voz no seu ouvido dizendo: ‘Você é melhor do que ele’. Acho que é uma das coisas boas do que escolhi e amo fazer, sabe. É um mundo de jovens, na verdade, mas um cara mais velho como eu ainda pode gravar um disco e fazer alguma barulho.
Você acha que toda a história do ‘rick-roll’ foi boa para você?
Com certeza, pois se você está fazendo coisas como música ou filmes, há muita competição. E também fizeram coisas muito, muito inteligentes com aquela canção. Não foi só o rick-roll. Uma das minhas favoritas foi quando pegaram o (presidente Barack) Obama para cantar ?Never gonna give you up? (numa montagem). Claro que foi feito por alguém com muito tempo livre, mas eles também fizeram isso com ?Mad men?.
Alguns artistas só querem interpretar suas músicas novas. Qual sua visão disso?
Não estou muito nesse campo, para ser honesto, pois tive uma longa pausa na carreira. Então não é que eu venha cantando essas músicas há 30 anos. Quando tocamos ao vivo, parte de mim pensa, ?Ótimo, vamos termina ?Never gonna give you up? e eu sei que todas as pessoas nessa sala ou nesse ginásio conhecem esse som?. Alguns podem não gostar, mas todos conhecem.
O que você pensa do seu legado na música? Você se ressente dos que descartaram seu trabalho na época?
Não. Se eu fosse um jornalista e estivesse resenhando meus discos… Sabe, não tenho certeza do que pensaria também. Acho que há grandes canções pop ali, mas ouvindo aquilo você pensa, ?Ok, bem, é um pouco fabricado.? Não guardo rancor dos que me criticaram, sabe? Com certeza.