Cotidiano

Remédio para dores menstruais pode reverter sintomas do Alzheimer, indica estudo

RIO — Um tratamento eficaz para o Alzheimer poderia melhorar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem da doença, que provoca perda de memória e de outras funções mentais importantes. E um estudo aponta que a saída pode estar em drogas anti-inflamatórias há muito conhecidas pela medicina. Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, descobriu que o ácido mefenâmico, comum para o tratamento de dores menstruais, é capaz de reverter completamente a perda de memória e inflamação no cérebro em ratos.

— Existe evidência experimental forte que sugere que inflamações no cérebro tornam o Mal de Alzheimer pior — disse David Brough, supervisor do estudo publicado semana passada no periódico “Nature Communications”. — Nossa pesquisa mostra pela primeira vez que o ácido mefenâmico, uma simples droga anti-inflamatória não esteroide, é capaz de mirar num importante caminho inflamatório chamado inflamassoma NLRP3, que danifica as células cerebrais.

O estudo utilizou camundongos transgênicos criados para desenvolver os sintomas do Alzheimer. Um grupo de dez deles foi tratado com o ácido mefenâmico, enquanto um outro grupo com dez animais recebeu placebos. A droga foi injetada por meio de uma bomba implantada sob a pele pelo período de um mês, com início após o surgimento da perda de memória. O resultado recuperação total do problema.

— Entretanto, muito trabalho precisa ser feito até podermos dizer com certeza que isso vai combater a doença em humanos, pois os modelos com camundongos nem sempre replicam fielmente as doenças humanas — disse Brough. — Como esta droga já está disponível e a toxidade e a farmacocinética são conhecidas, o tempo até ela chegar aos pacientes, em teoria, seria menor que se estivéssemos desenvolvendo drogas completamente novas.

De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), 47,5 milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência, sendo que o Alzheimer é responsável por cerca de 70% dos casos. Ainda segundo a entidade, em 2050, esse universo pode passar dos 130 milhões de pacientes, geralmente idosos com mais de 65 anos.

No momento, os pesquisadores estão preparando o início da fase 2 dos testes, para determinar se as moléculas têm efeito sobre inflamações cerebrais em células humanas. Apesar de os resultados serem promissores, o pesquisador alerta que as pessoas não devem tomar a medicação por conta própria antes dos estudos em humanos serem realizados, até porque como qualquer medicamento, o ácido mefenâmico tem efeitos colaterais.