Curitiba – Mal foi lançado e o PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) já atrai empresas do exterior interessadas na elaboração de estudo de viabilidade técnica e econômica para expansão da linha férrea de mil quilômetros ligando Dourados, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, no Paraná, passando pelo oeste do Estado. O edital de chamamento será publicado na segunda quinzena de novembro.
A partir da publicação por meio de edital de chamamento, os grupos brasileiros e internacionais terão 60 dias para manifestar interesse na elaboração dos estudos.
De acordo com o presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin, um encontro deve ocorrer ainda nesta semana em Curitiba ou São Paulo para debater mais essa questão. Os nomes dos interessados não foram divulgados para não comprometer o trâmite do processo.
O governo do Paraná realizou quatro consultas públicas para debater o assunto, nas cidades de Guarapuava, Cascavel, Curitiba e Dourados (MS).
Cargas
O presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin Araújo, comenta que, de todas as cargas que chegam ao Porto de Paranaguá, apenas 20% são pelos trilhos e, desse total, 1% é procedente da região oeste do Estado. Das 45 milhões de toneladas movimentadas pelo Porto de Paranaguá, 80% de toda a demanda de importação e exportação é transportada pelo modal rodoviário. Desse total, somente 9 milhões de toneladas chegam ao porto pelos trilhos.
Há uma projeção para que em 2030 o volume de cargas chegue a 80 milhões de toneladas, conforme o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento. Se nenhum investimento for feito até lá, a participação do escoamento pelos trilhos cairá de 20% para 11%.
Das 14 milhões de toneladas produzidas anualmente pela região oeste, 440 mil do total chegam ao porto utilizando a Ferroeste como transporte. Para 2035, a projeção é de que a região oeste alcance uma produção anual de 21 milhões de toneladas.
Para Bresolin, sem uma perspectiva de aumento de capacidade da BR-277, a ferrovia surge como alternativa mais viável logística e economicamente.
Conforme o presidente da Ferroeste, várias empresas já demonstram interesse no projeto – inclusive de outros países, como Alemanha, Canadá, Rússia, França e China. “Inclusive, russos e chineses querem vir conhecer a atual estrutura férrea do Estado”.
Ele se diz satisfeito com a receptividade nas consultas públicas já realizadas: “Não há uma voz contrária a esse projeto nos municípios”.
Investimentos
Para Bresolin, com a nova ferrovia saindo do papel, investimentos bilionários devem ocorrer no Paraná. Muitas delas estão desinteressadas por conta dos gargalos estruturais existentes atualmente. “A nova ferrovia vai dotar o Paraná do que há de mais moderno em logística férrea do Brasil, tornando o Estado e a região oeste mais competitivos”.