Cotidiano

Procurador-geral de Trump se afasta de inquérito sobre laços com Rússia

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WASHINGTON ? O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, decidiu se afastar de quaisquer investigação sobre laços da campanha de Donald Trump com a Rússia. Chefe do Departamento de Justiça, ele é acusado de ter enganado o Congresso ao dizer, sob juramento na sabatina a que foi submetido para ser confirmado na função que não tinha se comunicado com os russos. Mas, na verdade, se reuniu duas vezes com o embaixador da Rússia durante a campanha presidencial de Trump no ano passado.

? Repito: as acusações de contato com o governo russo são falsas. Vou ser claro. Nunca tive laços com a Rússia ? afirmou Sessions, mas destacando que cumpriria protocolos de imparcialidade na investigação. ? Estas recomendações (de imparcialidade no cargo de secretário de Justiça) são justas. Eu me afasto de qualquer investigação sobre o tema.

Mais cedo, Trump disse que tem confiança total no secretário de Justiça. Questionado por repórteres sobre se Sessions deveria se afastar do inquérito, disse que “não acredita nisto” e nem que tinha conhecimento de contatos dele com o embaixador.

sessions

? Ele claramente estava se apresentando como senador. É isto que os senadores fazem ? disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, destacando a função que Sessions exercia antes da posse na Justiça.

O líder democrata no Senado dos EUA, Chuck Schumer, pediu que o procurador-geral ? que ocupa um cargo equivalente a ministro da Justiça ? renuncie à função.

? O procurador-geral Jeff Sessions teve semanas para corrigir o registro que fez perante o Comitê Judiciário, mas deixou o registro valendo ? disse Schumer em uma coletiva de imprensa. ? Pelo bem do país, o procurador-geral Jeff Sessions deve renunciar.

Depois da revelação dos encontros, que foram noticiados primeiramente pelo ?Washington Post?, a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi, e outros opositores também pediram a renúncia de Sessions, acusando-o de mentir sob juramento.

ENCONTROS SECRETOS

De acordo com o Departamento de Justiça, em um dos encontros, Sessions recebeu o embaixador Sergei Kislyak em seu gabinete na condição de membro do Comitê de Serviços Armados do Senado. A outra reunião foi realizada em grupo com outros embaixadores depois de um discurso na Fundação Heritage.

Em sua audiência de confirmação, em 10 de janeiro, o senador democrata Al Franken perguntou a Sessions: “Se há alguma evidência de que alguém afiliado à campanha de Trump se comunicou com o governo russo, durante esta campanha, o que você vai fazer?”.

Sessions respondeu: “Eu não tenho conhecimento de nenhuma dessas atividades. Eu não tive contato com os russos. Não posso comentar sobre isso”. ‘Eu não tive contato com os russos’, diz procurador-geral de Trump em sabatina no Senado

Em comunicado na quarta-feira à noite, antes de amenizar o tom, Sessions disse que as novas alegações eram falsas: “Eu nunca me encontrei com autoridades russas para discutir questões da campanha. Eu não faço ideia sobre o que se trata esta alegação. É falsa.”

As revelações sobre o contato com a Rússia, relatadas pela primeira vez pelo ?Washington Post?, reforçaram também os pedidos ? de democratas e republicanos ? para que o secretário de Justiça se afaste de uma investigação em curso do FBI sobre a interferência russa na eleição presidencial de 2016. Secretário de Justiça dos Estados Unidos teria se encontrado com embaixador russo

No mês passado, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, se demitiu por ter feito contatos com a Rússia antes da posse do novo chefe de governo para discutir o levantamento de sanções de Washington a Moscou. Ele teria mentido ao Gabinete de Trump, deixando de informá-los sobre a extensão das conversas.

COBRANÇA DE REPUBLICANOS E DEMOCRATAS

Pedidos de explicação vieram dos próprios republicanos. Jason Chaffetz, presidente do Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara, disse que o procurador-geral deve ?esclarecer seu testemunho? sobre seus contatos com as autoridades russas.

Em entrevista à CNN, o senador Lindsey Graham defendeu que Sessions se afaste das investigações sobre a Rússia se for confirmada uma conduta ilegal entre a campanha de Trump e Moscou. Ele e o senador John McCain criticaram Trump por sua aproximação com o país e o presidente Vladimir Putin.

? Não tenha dúvida, o que os russos tentaram fazer com nossa eleição poderia ter destruído a democracia ? disse McCain à emissora americana.

A Embaixada da Rússia nos Estados Unidos e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, tentaram minimizar o caso.

? Não sei os detalhes de nenhuma reunião ? disse Peskov. ? (Mas) o trabalho do embaixador é realizar quantas reuniões forem possíveis.

Já a porta-voz da embaixada, Nikolai Lakhonin, disse à agência russa Interfax que a representação ?não comenta os numerosos contatos com parceiros locais, que ocorrem de forma diária, conforme a prática diplomática?.Da campanha à parceria antiterror, cinco etapas da relação Trump-Putin