DAVAO, Filipinas ? O presidente filipino, Rodrigo Duterte, anunciou na madrugada de sábado um chamado “estado sem lei” em resposta ao atentado a bomba que atingiu um mercado da cidade de Davao, perto de sua própria casa. O governo confirmou que houve 14 mortos e 67 feridos no ataque. As autoridades acreditam que o ataque tenha sido cometido por terroristas islâmicos. DAVAO
? Não se trata de uma lei marcial, mas requer esforços nacionais e bem coordenados da polícia e do Exército. Tenho o dever de proteger o país e a integridade da nação ? declarou ele, logo após visitar o local da explosão.
De acordo com Duterte, o decreto serve como resposta policial ao caso, e não uma guerra. Como parte deste estado, ele deu aval às autoridades para montarem postos de controle e isolarem Davao, mas não fez menção à liberação do uso da força policial.
? Se você vir um sinal com soldados emitindo luzes, apague o farol e ligue a luz interna do carro, porque estou autorizando buscas. Se você não tiver nada a esconder, sugiro que você seja liberal o suficiente para entender, porque estamos tentando encarar uma crise. Infelizmente não podemos parar e revistar as pessoas porque isso seria fascista. Deixa de ser uma democracia.
Segundo Duterte, “todo mundo poderá entrar e sair de Davao”, e que o decreto não significa reprimir liberdades civis.
? Quaisquer ações tomadas pelas forças de segurança será focada em parar o terrorismo. Estou incluindo as drogas, porque há muitas mortes injustamente atribuídas à polícia.
A última vez que o chamado “estado sem lei” foi aplicado foi em 2003, justamente depois de explosões que atingiram três mesquitas na mesma cidade. À época, ONGs de direitos humanos denunciaram que o decreto “ameaçava a população”. filipinas
Nas redes sociais, circulam imagens fortes dos efeitos da explosão. As imagens do local atingido ? que estava lotado, como de costume nas noites de sexta-feira ? mostravam destruição e corpos espalhados nos arredores, em frente ao hotel de luxo Marco Polo. Uma universidade próxima fechou as portas por segurança.
? As pessoas que vinham à escola para pedir ajuda estavam ensopadas de sangue ? relatou o estudante John Rhyl Sialmo III.
Segundo as investigações preliminares, foram encontrados destroços de um artefato explosivo caseiro, informou o secretário de comunicação presidencial, Martin Andanar. Não foram identificados suspeitos.
? Há muitos elementos que estão furiosos com o nosso presidente e o nosso governo. Não descartamos a possibilidade de que narcotraficantes e islamitas] possam ser responsáveis disto, mas é muito cedo para especular.
O porta-voz Ernesto Abella pediu que a população ?se abstenha de imprudentes especulações e evite aglomeração?.
Mais tarde, o governo disse que as autoridades “trabalham com a presunção de autoria” do grupo Abu Sayyaf, que jura lealdade ao Estado Islâmico.
O presidente filipino estava na cidade natal, mas não perto da região afetada. Segundo seu filho, Paolo Duterte (vice-prefeito da cidade), ele buscou refúgio em uma estação de polícia. No mesmo dia, num comício, o presidente brincara com rumores de planos para assassiná-lo.
Davao é a maior cidade do Sul das Filipinas, com uma população de quase dois milhões de habitantes, a uma distância de cerca de 1.500 quilômetros da capital, Manila. Duterte construiu lá sua carreira política, tendo sido prefeito da metrópole por 22 anos. Apesar de seus altos índices de segurança, Davao fica em Mindanao, ilha que sofre há décadas com episódios de violência do Abu Sayyaf.