RIO – O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, afirmou ao “The Guardian” que irá usar anualmente sua fala no Fórum Econômico Mundial de Davos para apontar os nomes dos países que falharam em combater a desnutrição infantil, um mal que atinge hoje milhões de crianças. As informações são do jornal britânico.
Segundo Kim, a desnutrição infantil, que se caracteriza por afetar o crescimento das crianças, é um desastre humanitário, mas também uma questão econômica que afeta nações inteiras. Por isso, o combate à condição é não só necessário para salvar vidas, mas também a prosperidade em um mundo que cada vez mais precisa de uma força de trabalho educada e com habilidades tecnológicas.
A situação é crítica em alguns países como a Índia, onde 38% das crianças estão desnutridas, Paquistão (45%) e a República Democrática do Congo (70%). No Brasil, dados do banco mostram que menos de 10% das crianças sofrem com o mal.
? Todo mundo aposta na igualdade de oportunidades, mas essencialmente o cenário que temos é que 25% das crianças no mundo estão desnutridas. A desigualdade entra no cérebro de 25% das crianças antes dos cinco anos. Então, o único caminho para que possamos falar realisticamente que existe igualdade de oportunidades é se zerarmos a desnutrição ? afirmou o presidente do Banco Mundial.
Kim apresentou como bom exemplo um programa do Banco Mundial no Peru, que transferiu dinheiro a mães de crianças desnutridas, estimulando-as a darem aos filhos alimentos nutritivos e a estimulá-los com brincadeiras. Segundo dados da instituição, a desnutrição infantil no país caiu de 28% para 14% em sete anos. A ideia é expandir o modelo de intervenção para outros países.
? Acredito que podemos começar um movimento global. Meu objetivo é cortar a desnutrição pela metade. Temos 14 anos até 2030: podemos cortar os índices pela metade em sete anos e depois zerarmos até 2030 ? pontuou Kim.
Recentemente, a ciência avançou no estudo do impacto da desnutrição no cérebro. Algumas pesquisas com imagens mostram que há menos conexões neurais nos cérebros de crianças mal alimentadas do que naquelas que tiveram bom crescimento. Isto não significa que os danos se estenderão por toda a vida, mas a habilidade de aprendizado pode ser comprometida.