SÃO PAULO – A população brasileira rejeita a ideia da criação de novos impostos, não acredita na implementação de tributos que sejam apenas temporários e vê como principal alternativa para o controle de gastos o congelamento do salário dos servidores públicos. Essas são as principais conclusões da pesquisa ?Percepção sobre as Contas Públicas Brasileiras?, divulgada nesta terça-feira pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O levantamento foi realizado pela Ipsos Publico Affairs e ouviu 1.200 pessoas em todo o país entre os dias 2 e 13 de junho, período em que o governo interino de Michel Temer (PMDB) completava seu primeiro mês.
A maior parte dos entrevistados (88%) afirmou que para controlar as contas públicas a melhor saída é cortar gastos. Uma parcela de 10% não respondeu e apenas 2% dos pesquisados defendeu o aumento de tributos.
?A população já entendeu há muito tempo que o caminho para tirar o país da crise não é aumentar e nem criar impostos?, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp, acrescentando que o ajuste fiscal tem que ser feito com o corte de despesas, uma vez que a arrecadação de impostos no país já se aproxima dos R$ 2 trilhões.
As dificuldades enfrentadas pelo governo federal também foram abordadas na pesquisa. Segundo o levantamento, 78% das pessoas sabem que o governo gasta mais do que arrecada. Uma parcela de 15% não tinha esse conhecimento e 7% não souberam ou não quiseram responder. Outros 60% confirmaram que tinham a informação de que o rombo nas contas públicas seria de R$ 170 bilhões.
Os entrevistados se mostraram cético sobre a criação de um imposto temporário, hipótese que já foi levantada pelo atual governo. Uma parcela de 84% dos entrevistados afirmou que não confia nessa saída emergencial. Apenas 5% afirmaram que confiaram nessa alternativa e 11% não souberam responder.
CORTE DE GASTOS COM SERVIDORES
Na ponto do controle de gastos, a maior parte dos entrevistados (24%) defende o congelamento de salários dos servidores federais e a redução do número de cargos comissionados ? alternativa sugerida por 18% das pessoas pesquisadas. Suspender contratações (11%), reduzir auxílios a funcionários públicos (10%) e diminuir as despesas com serviços de terceiros (8%) são os outros pontos citados.
É pequena a parcela que acredita ser necessário congelar investimentos. Apenas 6% deram essa resposta. Uma fatia de 3% acredita que é necessário elevar a idade mínima para a aposentadoria. Os gastos com programas sociais não são encarados como um problemas pela maior parte dos entrevistados. Apenas 3% escolheram como alternativa a redução do Bolsa Família e outros 2% apontaram como alvo de corte de gastos o Minha Casa Minha Vida, igual parcela dos que viram espaço para cortes no programa de financiamento estudantil Fies.