Cotidiano

Paulo Roberto Costa aguarda definição da Justiça de Petrópolis sobre serviços comunitários

2016 949293412-201611031913197465.jpg_20161103.jpgRIO e SÃO PAULO – O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse nesta quinta-feira ao GLOBO que quem vai decidir quais serviços comunitários ele vai prestar e em quais horários vai trabalhar é a Justiça de Petrópolis. Isso porque o primeiro delator da Operação Lava-Jato mora em Itaipava, onde cumpriu boa parte da prisão domiciliar e do regime semiaberto.

Paulo Roberto Costa foi à sede da Justiça Federal do Paraná na tarde desta quinta-feira para retirar a tornozeleira eletrônica. Ele passará a cumprir apenas quatro horas de serviços comunitários e, por determinação do juiz Sérgio Moro, deve ainda apresentar relatório trimestral de atividades. O ex-diretor da Petrobras voltou ao Rio em um voo que pousou às 18h22m, no Aeroporto Santos Dumont. Com medo de ser reconhecido e usando óculos escuros e boné, ele saiu andando rapidamente em direção ao estacionamento. No trajeto, disse à reportagem que já prestou 206 depoimentos à Justiça e ao Ministério Público.

O ex-diretor da Petrobras demonstrou incômodo quando um fotógrafo se aproximou:

– Chega de foto. Já tem muita foto minha.

Costa assinou acordo de delação premiada em agosto de 2014 e revelou o esquema de corrupção envolvendo partidos políticos na Petrobras. Ele confessou ter sido indicado para o cargo pelo PP, em troca de arrecadar propina para o partido. A Diretoria de Abastecimento, comandada por ele, era a responsável por grandes volumes de investimentos da petrolífera, como o da Refinaria Abreu e Lima, em Recife.

O ex-diretor foi preso temporariamente (por cindo dias) em março de 2014, três dias depois de deflagrada a Operação Lava-Jato. Ele já havia prestado depoimento sobre seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, mas a Polícia Federal informou à Justiça que ele havia tentado destruir provas e obstruir as investigações, pois suas filhas e genros haviam sido flagrados retirando documentos do escritório da Costa Global, empresa de consultoria que ele usava para firmar falsos contratos e continuar recebendo propina mesmo depois de ter deixado o cargo.

Costa passou dois meses preso e foi libertado no dia 19 de maio. Menos de um mês depois, em 11 de junho de 2014, ele teve a prisão preventiva decretada depois que foram localizadas contas em nome dele e de parentes, na Suíça e no Canadá, com US$ 23 milhões.

No total, Paulo Roberto Costa passou cerca de cinco meses presos. O acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 30 de setembro de 2014 e ele foi libertado no dia seguinte, quando passou a cumprir prisão domiciliar por um ano, com tornozeleira eletrônica.

Em outubro do ano passado, Costa progrediu para o regime semiaberto, ainda com uso de tornozeleira e obrigatoriedade de permanecer em casa à noite e nos fins de semana. Desde então, já podia trabalhar e viajar, desde que autorizado pela Justiça.

O acordo previa que ele poderia permanecer até dois anos nesta condição. Porém, ficou apenas um, já que foi considerada a efetividade do acordo. Ou seja, as informações prestadas por Costa foram essenciais para o desenrolar da Lava-Jato.