Nas sondagens da Fundação Getulio Vargas que avaliam as expectativas dos consumidores e do comércio os índices agora apontam para cima. Desde 2013 vinham descendo a ladeira. No início do ano, a curva se inverteu e continuam em trajetória de alta. As coisas ainda não melhoraram na economia, mas pelo menos as expectativas são de que isso ocorra no segundo semestre, o que já é um passo para que de fato se concretizem. Vai depender do que o Banco Central pretende fazer: se apertará o torniquete monetário, deixando que os juros reais aumentem, ou se ajustará a taxa Selic para a realidade de uma inflação em queda.
Risco
Os ingleses serão os maiores prejudicados com a decisão que tomaram no referendo sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia. Internamente, acirraram o conflito de gerações, porque os mais jovens, maciçamente, desejam ficar, porque olharam para o futuro. Os mais velhos sempre viram a Inglaterra como uma ilha afastada do continente e acham que se protegerão de todos os males isolando-se. Muitos escoceses estão agora arrependidos de não terem votado no ano passado em favor da separação do Reino Unido.
O que aconteceu na Inglaterra pode repercutir em países do Leste da Europa que aderiram à UE. Estranhamente, saudosos do comunismo têm se inclinado para o nacionalismo de extrema direita, que tem explorado as frustrações daqueles que esperavam que a mudança seria da água para o vinho, o que não foi. Na Romênia, se antes apenas 37% da população eram atendidos por saneamento básico e hoje o índice chega a 75%, se há mais e melhores estradas e ferrovias, por outro lado, muitos se queixam de só terem garantia de batata e cebola no prato caso se empenhem para tal. O almoço grátis acabou. Na Hungria e na Polônia, o sentimento é semelhante.
A tendência é que o Reino Unido tenha um status parecido com a da Noruega em relação à União Europeia. Negociará acordos financeiros e de livre comércio, mas não poderá palpitar nas decisões da UE. Não terá voz e voto, o que alijará os britânicos das políticas capazes de definir os rumos do continente.
Há 30 anos se comia muito mal em Londres. Coincidência ou não, depois da adesão à UE, comer bem se tornou uma das atrações locais (o restaurante Square é nota mil). Há uma rede inglesa em várias cidades do Reino Unido ? York, Cambridge, Glasgow, Edimburgo ? que se chama ?Hotel du Vin & Bistrot?. Não se envergonha de usar o nome em francês, pois busca associar sua imagem à gastronomia. Pelo andar da carruagem, talvez os ingleses mais velhos estejam nostálgicos dos tempos que se comia mal por lá. Para os padrões do continente, é claro.
Arrepiante
As torcidas são um espetáculo à parte. E chegam a constituir um item da avaliação dos julgadores. Uma não atrapalha a outra. Enquanto um ?boi-bumbá? se apresenta por duas horas e meia, a outra permanece calada. A ?galera?, que entra no Bumbódromo de Parintins, cidade no meio da floresta amazônica, ocupa trechos da arquibancada para os quais não há cobrança de ingresso, quase vem abaixo de tanta alegria quando o ?boi-bumbá? do coração entra ?em campo?.
O bumba-meu-boi é uma festa folclórica, de inspiração religiosa, que ocorre em várias partes do Brasil, mas tem hoje seu clímax em Parintins, cidade às margens do Rio Amazonas, na divisa com o Pará e a 370 quilômetros de Manaus. Enquanto em São Luís, no Maranhão, o bumba-meu-boi é marcado pela variedade de sotaques, em Parintins há apenas duas grandes agremiações, o Garantido (vermelho e branco) e o Caprichoso (azul e branco).
O enredo é narrado por um apresentador sem que os ritmistas parem de tocar. São separados em dois grupos conduzidos pelos ?maestros?, com uma sincronia arrepiante. Tocam fazendo uma pequena coreografia, balançando de um lado para outro ou pulando. Os personagens sempre se apresentam acompanhados de grupos que dançam o tempo todo. Chegam a ensaiar 160 vezes antes do festival. As alegorias vêm em carros enormes.
Este ano ganhou o Garantido, por apenas três décimos. O resultado deve ser mesmo sempre assim, por diferença mínima, porque é difícil avaliar qual é o melhor.
Fora do festival, Parintins ? uma cidade com 70 mil habitantes ? tem a economia apoiada na agropecuária. Durante o festival, a população dobra, compartilhando a precária infraestrutura das cidades amazônicas, onde tudo é distante. Mesmo para os amazonenses, viajar até Parintins é um sacrifício. De Manaus, é um dia de barco. Há poucos voos para lá.
Manaus abriga dois milhões de habitantes, metade da população do Amazonas. E pelas agruras do setor industrial, que desempregou cerca de 50 mil pessoas, alguns desses desempregados retornaram aos municípios do interior que dependem basicamente da floresta ? então não se pode descartar a hipótese de desmatamento.