BRASÍLIA ? Com desconforto dos dois lados, a relação do PSDB com a cúpula do governo será discutida em um jantar nesta quarta-feira do presidente interino Michel Temer com os líderes tucanos comandados pelo presidente da legenda, o senador Aécio Neves (MG). Do lado dos dirigentes do PSDB, há um pé atrás com a movimentação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que desconfiam de estar abrindo brechas para uma pauta eleitoreira de olho na vaga de candidato a presidente em 2018. Já Temer ficou irritado com o fogo amigo explicitado no discurso do senador José Aníbal (PSDB-SP) criticando as ?concessões? populistas de Meirelles no comando do ajuste fiscal.
Esse encontro foi marcado e desmarcado mais de uma vez e agora foi remarcado para esta quarta-feira. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) disse que será uma conversa amistosa, uma oportunidade de falar francamente as coisas que devem ser ditas.
? Nesse tipo de relação de partido com o governo, quando existe franqueza tudo fica mais fácil. O que não pode é ter um ambiente de desconfiança entre aliados ? disse Cássio.
Os tucanos negam que, no encontro com Temer, vão dar um ultimato a Meirelles, exigindo que ele negue publicamente que pretenda disputar a eleição em 2018 com o candidato do PSDB. Mas esperam que Temer dê uma sinalização nesse sentido.
Às vésperas da votação final do impeachment e em plena votação das matérias de ajuste fiscal no Congresso, Temer quer estancar qualquer tipo de conflito na base, principalmente com o PSDB, que já chegou até a falar em romper a aliança, se a agenda de reformas for substituída por medidas populistas e eleitoreiras.