Cotidiano

Padre ligado a Gim Argello tem bens não declarados ao Fisco

SÃO PAULO ? A Receita Federal descobriu que o padre Moacir Anastácio, da Paróquia São Pedro, que recebeu R$ 350 mil da OAS, tem bens não declarados ao Fisco, como uma fazenda em Tamboril, no Ceará, e dois veículos, como uma Toyota Hilux ano 2010. Em anotações apreendidas na Lava-Jato, o dinheiro doado para o padre aparece vinculado à obra da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, uma das principais obras investigadas. O padre é ligado ao ex-senador Gim Argello, acusado de cobrar de empreiteiras para que seus executivos não fossem convocados a depor na CPI da Petrobras.

Segundo relatório da Receita, o padre possui declarações retidas em malha fiscal relativas ao ano de 2015 e 2016, ambas por “omissão de rendimento” a ser apurada. Também chamou atenção dos fiscais que os créditos bancários em 2014 e 2015 foram o dobro dos valores informados – entre esses dois anos o patrimônio do padre aumentou R$ 889,9 mil, alcançando R$ 3,3 milhões.

O padre comprou em 2015 um apartamento em Fortaleza, à vista, com valor declarado de R$ 297,2 mil, e recebeu por doação dois apartamentos em Águas Claras, no Distrito Federal.

Gim Argello frequentava a paróquia São Pedro e era próximo ao padre Moacir, considerado cabo eleitoral na região por reunir milhares de fieis numa festa da paróquia, a Pentecostes. Nas investigações da Lava-Jato, Argello é supeito de ter usado a paróquia para lavar dinheiro. O padre prestou depoimento à Polícia Federal de Curitiba. Além da doação da OAS, ele teria recebido doações em 2014 de outras empreiteiras investigadas na Lava-Jato, como a Andrade Gutierrez.