RIO ? Verificar cor, odor e textura, assim como a procedência, data de validade, temperatura de armazenamento e a integridade da embalagem. Essas são as recomendações básicas da Vigilância Sanitária Municipal do Rio de Janeiro para o consumidor que vai comprar produtos perecíveis, mas foi surpreendido pelas irregularidades denunciadas na operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Uma das maiores dúvidas é como identificar se a carne de boi e de porco, frango, salsicha e linguiça colocados à venda nos mercados e açougues estão em condições de serem consumidas, principalmente aqueles produtos que foram fracionados e reembalados pelo próprío estabelecimento.
? A carne imprópria para consumo, seja bovina, suína ou de frango, apresenta, normalmente, a cor e o odor alterados ? reforça Aline, lembrando que produtos de origem animal e seus derivados precisam ter registro no órgão competente, no caso a Secretaria Estadual de Agricultura ou Ministério da Agricultura ? diz a coordenadora técnica de Alimentos da Vigilância Sanitária Municipal do Rio de Janeiro, Aline Borges.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) recomenda que o consumidor priorize alimentos in natura, ou minimamente processados e não embalados, e evite alimentos ultraprocessados, seguindo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. De acordo com a nutricionista do instituto, Ana Paulo Bortolettoo, a partir da compra de carnes frescas, o consumidor é capaz de identificar se o produto está adequado para o consumo ou não, considerando as seguintes características: coloração avermelhada, textura não pegajosa e lisa, e a ausência de mau-cheiro.
Para o Idec, as irregularidades cometidas por vários frigoríficos alvos da Operação Carne Fraca reforçam que o consumidor deve evitar alimentos ultraprocessados, produzidos a partir de carnes como: salsicha, linguiça, nuggets, hambúrgueres, dentre outros.
? Estes tipos de produtos alimentícios são formulações industriais feitas inteira ou parcialmente de substâncias extraídas de alimentos, fazendo com que não seja possível identificar qual a origem da matéria-prima para a sua fabricação. Dessa forma, a utilização de carne podre e estragada, papelão e pedaços de cabeça em frango, salsicha e linguiça, como identificados pela Operação Carne Fraca, ficam mascaradas por conta do nível de processamento do produto e a inclusão de aditivos alimentares como corantes, aromatizantes, realçadores de sabor etc.? reforça Ana Paula.
De carne estragada a uso de produtos cancerígenos em doses altas, passando por reembalagem de produtos vencidos, carne contaminada por bactérias, misturada com papelão e venda de carne imprópria para consumo humano. A lista de irregularidades encontradas nas denúncias da operação ?Carne Fraca?, da Polícia Federal?, e que deixaram o consumidor preocupado, não só com os aspectos envolvendo sua saúde, mas também por não saber como agir em relação aos produtos das marcas envolvidas.
Carne moída, um caso à parte
Embora a carne moída previamente não seja imprópria para consumo, o processo é proibido por lei em todo estado. De acordo com a Lei 6.538/1983, carne só pode ser moída na presença do consumidor e após o pedido dele. A única exceção, esclarece Aline, é se o estabelecimento estiver registrado junto a um órgão da agricultura, estando embalada e apresentando na sua rotulagem o número do SIE (Serviço de Inspeção Estadual) ou, no caso de carne embalada na indústria, o selo do Serviço da Inspeção Federal ou Serviço de Inspeção Estadual.
? Caso a carne esteja sendo exposta a granel, dentro das vitrines ou embaladas sem selo da agricultura, o estabelecimento deve ser denunciado pelo 1746 ? diz a coordenadora técnica da Vigilância Sanitária.
Outro fator importante a ser observado, segundo a especialista da Vigilância Sanitária, é a higiene, tanto do estabelecimento, equipamentos e, também, das pessoas que manipulam aquela mercadoria.