RIO – O agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, da Receita estadual, conhecido por "Sombra", se entregou no início da tarde desta quinta-feira. Ele é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos principais operadores financeiros da quadrilha ligada ao ex-governador Sérgio Cabral. Ele teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal.
Ary se entregou em um posto da Polícia Rodoviária Federal, onde chegou sozinho em um carro. Ele será levado para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária. Pela manhã, durante a Operação Mascate, agentes da PF estiveram na casa dele na praia da Barra da Tijuca, mas não o encontraram. O agente fazendário é suspeito de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
A ação de hoje é mais um desdobramento da Operação Calicute em mais um nicho de negócios do grupo liderado pelo ex-governador: blindagem fiscal em troca do pagamento de propinas. Apontado como o primeiro operador de Cabral, o agente fazendário era conhecido nos corredores da Secretaria Estadual de Fazenda como "Ary fichinha". Isso porque, relatam alguns colegas, distribuía senhas para os empresários que o procuravam em busca de algum tipo de vantagem, principalmente o perdão de multas por sonegação de ICMS.
– É um momento importante da operação, porque Ary era um dos mais importantes operadores financeiros da organização criminosa. Mais um elo que se fecha em torno desta organização. As investigações seguem e a gente espera com o resultado nas buscas e apreensões ajude a aprofundar ainda mais o trabalho – afirmou o procurador da República Leonardo Cardoso de Freitas, coordenador da Opreação Calicute.
O agente fazendário, que se apresentava como amigo de juventude de Cabral e o ajudava a organizar bailes para a terceira idade quando ensaiava os primeiros passos na vida política, atuava principalmente junto à Inspetoria de Veículos e da Material Viário da Fazenda, mas tinha forte influência nas Inspetorias Especializadas de Substituição Tributária, de Bebidas e de Supermercados.
Os investigadores chegaram ao nome de Ary com a ajuda de um acordo de colaboração assinado por um dos empresários beneficiados pela blindagem vendida pelo agente fazendário. Adriano José Reis Martins, um dos sócios da Eurobarra e da Américas Barra, rede de concessionárias de veículos, contou que Ary o protegia dos rigores da fiscalização de ICMs.
Pelo menos três imóveis da família de Adriano e uma empresa ligam o agente fazendário ao esquema de benefícios e blindagem fiscal. Parentes de Ary, incluindo o agente de tributos, ocupam três apartamentos na Avenida Lúcio Costa, Barra, pertencentes a firmas ligadas ao empresário Adriano Monteiro Martins, pai de Adriano José e chefe do clã que comanda a rede de concessionárias. Ary também foi sócio do empresário Gustavo Ferreira Mohammad, dono da Creações Opção, rede de malharias que teria ajudado Cabral a lavar dinheiro.
Ary mora, segundo as investigações, no apartamento nº 1201, Bloco 1, do Condomínio Atlântico Sul, na Avenida Lúcio Costa, pertencente à Gran Barra Empreendimentos e Participações, onde a PF foi à procura dele hoje. Esta empresa, que está em recuperação judicial, pertence a João do Carmo Monteiro Martins e a Jaime Fernando Reis Martins, respectivamente primo e irmão de Adriano Monteiro Martins.
ARY SE EXONERA
A denúncia da Calicute foi encaminhada à Justiça no dia 5 de dezembro. No dia seguinte, Ary pediu exoneração do cargo de assessor especial do gabinete do governador Luiz Fernando Pezão. Ele ocupava a função desde o início do governo do amigo Sergio Cabral, em 2007, só permanecendo fora do Palácio Guanabara por três meses (de 6 de julho a 4 de outubro de 2010, quando exonerou-se pela primeira vez, para ser renomeado em seguida).
Ary entrou no serviço público em 1980 (provavelmente para atuar no programa "seu carnê vale milhões", sem ter prestado concurso público). Em 1987, foi promovido ao cargo de agente de Fazenda.
Ele começou a trabalhar com Cabral em 1990, quando o político era deputado estadual. Segundo as investigações, em 1996 ele começou a trabalhar em cargo comissionado no gabinete do Cabral e, posteriormente, teve passagens por várias secretarias quando o peemedebista estava à frente do governo do estado.
Empresa apresenta defesa e é excluída da Operação Calculite
A empresa CREACAO OPCAO é uma empresa familiar do ramo têxtil, com mais de quarenta anos no mercado, sem qualquer relação com a administração pública. A empresa pauta seus negócios dentro da mais absoluta lisura e respeito com seus funcionários, colaboradores e as instituições públicas e reguladoras, sendo hoje referência no município de Petrópolis, onde além de proporcionar centenas de empregos diretos e indiretos à população local, presta ainda relevantes serviços sociais, rechaçando assim, qualquer envolvimento nos fatos noticiados.
Quanto ao Contrato com a empresa OBJETIVA GESTÃO E COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA, do ex-Governador SERGIO CABRAL, este se deu mais de um ano após ele não ocupar mais cargo público algum, com normal prestação de serviços com resultados comprovados. Não tendo, portanto, tal negócio nenhuma vinculação ilícita, sendo certo que a OBJETIVA mantinha contratos nos mesmos moldes com muitas outras empresas.
Quanto ao Contrato com a empresa TRANSEXPERT – VIGILÂNCIA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA demonstrou-se, igualmente, a regularidade e licitude dos valores em custódia, originados de recolhimento de vendas nas diversas lojas que mantém nos Shoppings do Rio de Janeiro. Estes valores também eram recolhidos por outras empresas de valores nos mesmos moldes, já que a Empresa OPÇÃO trabalhava com várias empresas de transportes de valores, sendo a TRANEXPERT apenas uma delas. E tudo respaldado por Contratos e dentro das regras de mercado.
Todo o exposto foi devidamente esclarecido junto a POLICIA FEDERAL, por depoimento e documentos acostados, e por tal razão o empresário GUSTAVO MOHAMMAD sequer foi denunciando ou mesmo indiciado pela Policia Federal, na denominada Operação CALICUTE ou qualquer outra.
Foram feitas duas AUDITORIAS por empresa especializada e conceituada no mercado, a LMPG AUDITORES E CONSULTORES, que atestou a regularidade e licitude dos negócios mantidos com ambas as empresas, TRANSEXPERT e OBJETIVA.
Em anexo a esta consulta juntamos nossa petição esclarecendo os fatos junto a Policia Federal, o Relatório Final da Policia Federal, Denúncia e recente Sentença da Operação CALICUTE, além de CERTIDÕES NEGATIVAS DA POLICIA FEDERAL E DA JUSTIÇA FEDERAL, ambas NADA CONSTA, demonstrando que GUSTAVO MOHAMMAD não foi indiciado, denunciado ou sequer citado na Sentença final já prolatada, sendo que eventuais notícias que possam surgir não condizem com a verdade e causam sérios problemas de imagem e na reputação ilibada da empresa e seus sócios.
Matéria atualizada em: 09/10/2017 às 16h13.