HARARE, ZIMBÁBUE – Mais de uma dezena de ativistas contrários ao ditador Robert Mugabe foram espancados e presos horas antes de uma onda de protestos marcados nas principais cidades do Zimbábue, nesta sexta-feira. Devido à repressão, os protestos acabaram cancelados.
As prisões nesta sexta-feira incluíram o líder opositor Patson Damara, um dos mais ferrenhos críticos de Mugabe. Fotos que circularam nas redes sociais mostram Damara com sinais de agressões pelo corpo, após o carro em que ele viajava com outro ativistas ser encontrado queimado.
A embaixadora do Reino Unido no Zimbábue, Catriona Lang, se disse “muito preocupada” com os relatos de opositores que foram presos pelo governo às vésperas dos protestos. Um comunicado divulgado pela representação da União Europeia em Harare, a capital do Zimbábue, confirmou que ativistas foram “brutalizados” por forças do governo antes dos protestos.
Segundo a imprensa do Zimbábue, pelo menos seis pessoas foram agredidas e dois carros foram queimados na quinta-feira, véspera das manifestações, que tinham como alvo principalmente o lançamento de títulos financeiros, marcado pelo governo para esta sexta-feira.
Mergulhado em crise econômica devido à falta de liquidez desde que passou a adotar o dólar dos EUA como moeda principal, após uma hiperinflação em 2008, o governo do Zimbábue planeja usar os títulos como espécie de moeda oficial.
Opositores alegam que a medida pode agravar a situação econômica complicada do país, que tem alto índice de desemprego e convive com dificuldades constantes de pagamento de salários, devido à escassez de moeda.