WASHINGTON/HAVANA ? No mais novo gesto de aproximação com Cuba, o presidente americano, Barack Obama, designará um embaixador do país em Havana pela primeira vez em 56 anos. O cargo será de Jeffrey DeLaurentis, que atua há anos como principal diplomata dos EUA no país, sem ser oficialmente embaixador. Em seu terceiro mandato à frente da Seção de Interesses dos EUA, antes mesmo da transformação em embaixada, ele já era cotado como um dos favoritos.
Para que a indicação de Obama seja efetivada, o Congresso deverá dar aval. O Senado tem atualmente maioria republicana, opositora. Obama levou 14 meses, desde a retomada formal das relações, para fazer o gesto.
DeLaurentis era oficial consular em Cuba entre 1991 e 1993, quando a ilha esteve mergulhada em uma crise econômica após o colapso da União Soviética. Em sua segunda missão, de 1999 a 2002, já como chefe dos interesses econômicos e políticos da seção de interesses, desempenhou um papel crucial na batalha pela posse de Elián González ? cubano de seis anos levado pela mãe ilegalmente a Miami, o que causou uma crise diplomática entre os dois países.
Vicki Huddleston, então chefe da missão diplomática, afirmou que a atuação discreta de DeLaurentis ajudou a reduzir as tensões quando autoridades cubanas ameaçaram uma migração em massa de ?balseros? (donos de balsas que levavam cubanos ilegalmente aos EUA) caso o jovem náufrago não voltasse para casa. O governo do então presidente americano Bill Clinton reconheceu a custódia do pai e a criança foi devolvida à Havana ? a mãe morreu tentando fazer a travessia.
O diplomata ? que negou-se a fazer declarações enquanto as negociações entre os dois países ainda estiverem em curso ? também desempenhou um papel decisivo nas discussões com as autoridades cubanas sobre a decisão do Presidente George W. Bush de utilizar a base naval de Guantánamo, após os atentados de 11 de Setembro 2001.
? Ele sai do edifício, fala com as pessoas ? contou Philip Peters, analista que viaja a Cuba com frequência ? Conhece o país muito, muito bem.
Em Washington, José Cabañas, que já representava a diplomacia cubana nos EUA, foi designado embaixador em setembro de 2015.