Cotidiano

O gigante chamado PDI

Na entrevista de hoje, nossa reportagem ouviu o secretário de Planejamento de Cascavel, Fernando Dillemburg. Na pasta desde o início do ano, o secretário explana a respeito dos prejuízos e das “bombas” deixadas pela antiga gestão, graças ao gigante chamado PDI. O contrato firmado com o BID é de 56 milhões de dólares. Metade que o município já está pagando, metade que vai ser pago futuramente. A corrida é contra o tempo para terminar as obras previstas até fim de 2018, quando termina o contrato.

Falta de fiscalização

“A Avenida Brasil é um cartão postal da cidade. Tivemos dificuldade com a maneira em que se estava cuidando da obra. Os fiscais são os mesmos que estão na Avenida Barão do Rio Branco hoje, mas não havia uma cobrança e uma orientação de como eles deveriam agir. Os aditivos de prazo e de valor precisam ser analisados para depois dizer se pode ou se não pode fazer. Hoje, quem faz isso é o secretário e o prefeito. Na obra da Brasil, a decisão era tomada pelo próprio fiscal. Não permitimos isso. Não permitimos que uma obra seja feita antes de ser analisada, porque se autoriza, depois tem de pagar. Fazemos reuniões semanais com as empresas, que são comunicadas do que nós pretendemos. Seria leviano dizer se está certo ou errado esse gasto de R$ 20 milhões a mais que o previsto na Brasil, porque não fazíamos parte do governo. Porém, se tivesse sido discutido antes, talvez tivesse gastado menos, encontrado uma maneira de negociar. Na Avenida Barão vamos ter um aditivo de no máximo 8% do valor. Na Brasil, foram investidos 50% a mais do que se deveria. A obra de R$ 41 milhões foi para R$ 65 milhões”.

O motivo do aditivo

“Na Avenida Barão do Rio Branco, quando a empresa foi fazer o friso do asfalto, que é tirar aquela camada de cima, constatou uma umidade que se não resolvida diminuiria a vida útil da pavimentação. E foi necessário retirar toda essa camada, fazer uma drenagem que não estava prevista”.

Faltou planejamento

“Eu sempre digo isso, que faltou planejamento no que foi executado. Maior prova: os terminais. A Avenida Brasil está pronta, mas não podemos colocar os ônibus para circularem ali porque o Terminal Oeste não está pronto. Não podemos colocar o transporte na Barão porque terminamos o Terminal Leste, mas o Noroeste está em construção. O projeto apresentado ao BID previa a construção de um terminal por ano desde 2014, e o último em 2017. Todos eles começaram a ser construídos em 2017. Se isso não é falta de planejamento, eu não sei o que é. Uma obra prevista para cinco anos, 20% dela devem ser executados por ano. Devíamos ter assumido a gestão com 60% da obra pronta. Assumimos com 40% apenas, sendo o restante para se fazer em dois anos. Um presente deixado de bandeja para nós”.

Cobrança

“A empresa que está executando o Parque Linear do Bairro Morumbi está com 10 dias de atraso no cronograma. E estamos notificando para que ela recupere o tempo perdido. Não choveu para que o serviço parasse. O fiscal avisa que está atrasada a obra, e depois de quatro avisos notificamos para que a empresa ou coloque mais gente para fazer ou apresente alguma solução, para que isso seja resolvido porque não vamos dar aditivo futuramente. Não é uma briga com a empresa, é nossa função para que se tome ciência do atraso”.

Ônibus na Brasil

“Isso é a minha opinião, como cidadão e não como secretário. Eu não teria deixado os ônibus na Brasil. Fui um dos engenheiros responsáveis pela construção do Calçadão e acreditava, realmente, que já estava na hora de reformar. Mas eu teria pesquisado as alternativas. O projeto do PDI é um bom projeto. Mas eu contrataria uma empresa de consultoria especializada em transporte. Os profissionais daqui da Prefeitura são extremamente competentes. Mas nenhum tem uma formação específica para isso. Acredito que talvez não precisava ter gastado tanto dinheiro. Mas, falando como secretário, assumimos a gestão com um contrato para ser cumprido até fim de 2018.”

Ganhos na Brasil

“A população ganhou muito com a Avenida Brasil. A ciclovia, por exemplo, que muitos utilizam. E o looping de quadra, que a maioria critica, mas o que está certo nós precisamos assumir que está. O objetivo do PDI é melhorar o transporte público e para isso foi feita a pista exclusiva na esquerda. Se você segue de carro na segunda faixa, como fazer o retorno? E mesmo que houvesse essa possibilidade, se acumulariam os carros que vão da segunda pista para fazer o retorno e provavelmente parariam na frente do ônibus, o que torna a pista exclusiva inútil, e ainda acumularia os carros que precisam atravessar a Avenida. Além de tudo, existe agora uma pista para pedestres e uma para ciclistas. A chance de ocorrer um atropelamento sem essa medida seria muito grande. Então, é uma questão de segurança”

Sistema de R$ 1 milhão

“Haverá um sensor que se a fila ficar muito comprida, o semáforo lê e fica mais tempo aberto. É onde vamos gastar mais de R$ 1 milhão. Isso porque a antiga gestão comprou semáforos de última geração, mas o sistema operacional para isso é de oito anos atrás. Cortou para gastar menos, mas tem coisa que não tem como deixar de fora. Se deixarmos isso, o sistema não vai funcionar, inclusive é isso que faz funcionar a onda verde, por exemplo. Mas ainda não acertamos isso porque estamos negociando preço”.

O que falta

“A licitação da Tancredo Neves está para sair. Modificamos o projeto inicial e vai ter retorno. Isso porque a Tancredo não tem ruas que cruzam como a Brasil. Essa é a maior obra, deve levar 11 meses. Estamos com o Terminal Leste pronto, o Noroeste em andamento, o Oeste que as obras vão começar e o Sudoeste, que já foi publicado aviso de licitação. Além disso, o Parque do Morumbi, que já começou a ser construído e as obras de pavimentação: a extensão em 600 metros da Rua Presidente Kennedy para que ela chegue às faculdades; outra ligação da Rua Ipanema até a Rocha Pombo, para facilitar o acesso ao Bairro Floresta. Tudo isso precisamos terminar até fim de 2018”.

Aeroporto

“A Câmara de Vereadores já aprovou o empréstimo de R$ 18 milhões com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano. Vamos fazer uma licitação para duplicar a via de acesso ao aeroporto e construir um estacionamento para 400 veículos e outra concorrência para fazer o pátio de aviões em frente à obra do Terminal de Passageiros, pátio com capacidade para três aviões de grande porte. Além disso, vamos fazer mais duas licitações. Uma para usar o dinheiro que sobrou da antiga empresa que estava na obra do terminal, e queremos fazer uma concorrência esse ano ainda para continuidade da construção e no ano que vem o prefeito Paranhos vai assinar um novo convênio, de aproximadamente R$ 16 milhões, e aí a empresa que ganhar vai terminar toda a obra. Queremos inaugurar esse terminal até o fim de 2018”.

Aeroporto regional

“Uma obra não exclui a outra. O aeroporto regional é um planejamento para ficar pronto daqui uns 15 anos. Enquanto isso, precisamos do nosso aeroporto, temos que dar condições para as pessoas, e também para que as empresas e as indústrias invistam aqui. Não podemos ficar isolados, porque até que o Aeroporto Regional fique pronto, é esse que já existe que nós vamos usar. Muito se fala na pista, se o dinheiro usado não daria para construir um novo. Não daria. E graças a esses investimentos temos empresas de olho no aeroporto de Cascavel, temos a possibilidade de trazer mais voos”.