RIO – Já passava das 7h desta quinta-feira quando Lorrayne Isidoro, de 15 anos, passou pelas portas do desembarque do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. A julgar pelo sorriso tímido e um aceno de mão, nem parecia que a estudante havia acabado de voltar das Olimpíada Internacional de Neurociência, em Copenhague, na Dinamarca, que aconteceu entre os dias 30 de junho e 4 de julho. A pista da notável conquista, no entanto, estava na medalha pendurara sobre o casaco, bordado com o símbolo da escola em que estuda no Rio, o Colégio Pedro II. A adolescente conquistou a 18ª posição na competição, que contou com 25 participantes. Lorrayne – 07/07
Acompanhada da mãe, Estela Meirelles, e do orientador do Brasil, o professor Alfred Sholl, a menina não exitou em fazer o que parecia querer realizar mais urgentemente naquele momento: dar um abraço apertado em seu pai, Jorge Cabral Gonçalves, e nas três irmãs. Expectativa também sentida pelos parentes, que disseram não ter dormido, aguardando pelo encontro com a adolescente.
As dificuldades enfrentadas pela garota antes de ter voado rumo à Europa, como problemas de custeio da viagem e também na emissão de passaporte, são apenas lembranças de mais um obstáculo ultrapassado. Engana-se, porém, que pensa que a jovem parou por aí. Ela já tem uma próxima meta:
? Estou aberta para novos desafios. Mas agora o foco é me preparar para o Enem para fazer medicina ? afirmou Lorrayne no aeroporto.
A adolescente relatou que participar da competição foi “um desafio alcançado”. A jovem afirmou que a meta principal para ela e para os outros participantes era aprender mais. Lorrayne, junto com os amigos feitos em Copenhague, se considera uma campeã. A jovem contou que o nível de dificuldades requerido nas avaliações era alto.
? Foram cinco tipos de provas. Teve (por exemplo) a de neuroanatomia, que a gente tem as peças anatômicas, com uma seta. A gente precisa determinar o que é, ou qual é a função daquela estrutura. É bem específica a prova, por isso tem que estudar bastante e precisa gostar ? explica a adolescente, que realizou as avaliações em inglês. ? Teve outra de diagnósticos. A gente assiste a um vídeo, lê a história de um paciente, antes de identificar qual é diagnóstico que nós daríamos para eles. Existia uma tabela com dois exames, e tínhamos que escolher os dois mais indicados para identificar o diagnóstico.
Para se preparar para a Olimpíada, a jovem utilizou a internet e os livros de graduação e pós-graduação. Ela conta que, nos estudos, fazia “desenhos” e muitas “anotações”. O que, de acordo com a jovem, “era muito legal”.
Além das conquistas acadêmicas, Lorrayne é uma adolescente e, como a maioria das jovens de 15 anos, fazer novos amigos e passear, durante o tempo livre, também foi parte importante de sua aventura.
? Conseguimos ter uma boa interação. Todo mundo estava com aquela vontade de conhecer pessoas novas. Foi uma relação muito boa. Fizemos amigos ? pareceria que, segundo ela, continuava quando o clima era de competição. ? Nas provas tinha aquele apoio, um querendo ajudar o outro, participamos de um congresso, fomos a museus e visitamos algumas partes da cidade Foi bem legal. Nós nos comunicávamos em inglês, mas eu consegui falar com algumas pessoas em francês. Enriquecedor.
“ORGULHO JÁ NÃO TEM MAIS TAMANHO”
Logo que chegou ao aeroporto, a mãe de Lorrayne, Estela, observava orgulhosa a filha dando entrevistas aos jornalistas que estavam no local. Ela conta que a lição de tudo é que “a união faz a força”, já que o sonho da filha foi possibilitado pela repercussão que o caso ganhou e pela ajuda em doações que receberam para o custeio da viagem.
? Dá uma sensação de alívio, de uma satisfação, de uma luz interior muito grande. Quando você percebe que ultrapassa obstáculos, você enriquece por dentro. O orgulho (dela) já não tem mais tamanho ? disse a mãe da adolescente. ? É muito gostoso você perceber que o seu filho estuda de uma maneira natural. E que ela quer partilhas o conhecimento dela com outros jovens também, o que é mais gratificante. Como mãe, a gente fica confortada por dentro de saber que você está educando da maneira correta. Perceber que seu filho está indo no caminho correto.
Estela contou que Lorrayne, na área de patologia, ficou em segundo lugar, por ter errado apenas uma questão.
? Eu pensei: eu sei que ela errou só uma, porque ela é boa nisso. E eu disse para ela, você é muito boa em patologia.