RIO – Pela primeira vez em sete anos, o número de cesarianas realizadas nas redes pública e privada do país se mantém reduzido, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde. Dos 3 milhões de partos feitos em 2015, 55,5% foram cesáreas – apresentando redução de 1,5 ponto percentual em relação aos anos anteriores -; e 44,5%, foram normais. No ano seguinte, o índice do primeiro procedimento, até então em escala ascendente, se manteve em 55,5%.
Ao considerar apenas as cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o número de partos normais já ultrapassa as cesarianas, atingindo 59,8%.
Nesta semana, o Ministério anunciou ainda que, de agora em diante, toda mulher terá direito a definir o seu plano de parto, incluindo o local onde será realizado, orientações e benefícios. Outra novidade é que o parto normal poderá ser feito pela enfermeira obstétrica ou obstetriz. Também haverá flexibilização sobre demandas como o acompanhamento de doulas, novas posições e métodos de alívio da dor.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou sobre a proposta do governo de incentivar o procedimento natural:
?É a primeira vez que o Ministério constrói um documento para incentivar as gestantes a optarem pelo parto normal. A melhoria da qualidade na atenção obstétrica passa, essencialmente, pela mudança no atendimento à mulher durante o parto. A nova diretriz para o parto normal visa mudar uma cultura de cesarianas desnecessárias?, afirmou.
Como intervenções desnecessárias inerentes às cesarianas, o Ministério considera a episiotomia (corte no períneo), o uso de ocitocina (hormônio que acelera o parto) e a aspiração naso-faringeana no bebê. A manobra de Kristeller, em que o útero da mulher é pressionado para tentar auxiliar a expulsão, também passa a ser contraindicada.
O comunicado indica ainda as medidas que teriam contribuído para a estabilização do número de cesarianas, entre elas: “a implementação da Rede Cegonha, com investimentos em 15 Centros de Parto Normal; qualificação das maternidades de alto risco; e a maior presença de enfermeiras obstétricas na cena parto”.