Cotidiano

Novo protesto após morte de negro nos EUA tem gás de pimenta e baleado

US-PROTESTS-BREAK-OUT-IN-CHARLOTTE-AFTER-POLICE-SHOOTING-GHN2U117C.1.jpgCHARLOTTE, EUA – Depois de violentos confrontos entre policiais e manifestantes terminarem com feridos na noite de terça-feira em Charlotte, Carolina do Norte, depois da morte de um homem negro por policiais, novos protestos voltaram a levar confusão e tiveram uma pessoa baleada, além de outras atingidas por gás lacrimogêneo.

Assim como na noite de terça-feira, manifestantes voltaram a se reunir em uma área de Charlotte, onde Keith Lamont Scott, de 43 anos, foi morto. Eles exibiam cartazes com a frase “A vida dos negros importa” e gritavam “Sem justiça não há paz”. A calma parecia ter retornado à cidade na manhã desta quarta-feira e a rodovia federal 85, cenário dos incidentes, foi reaberta ao trânsito, informou o jornal “Charlotte Observer”.

? Estamos cansados de que as pessoas, especialmente a polícia, matem nossos homens negros ? condenou a ativista Blanche Penn numa marcha pacífica mais cedo. ? Charlotte sempre foi silenciosa, mas agora é hora de se fazer ouvir. negro

Por volta das 20h (hora local), muitos manifestantes que protestavam contra os policiais começaram a avançar contra policiais, que usaram gás de pimenta para dispersá-los. Numa transmissão da rede CNN, o jornalista na transmissão ao vivo foi atingido pelo gás e depois foi hostilizado por manifestantes, sendo ameaçado.

Uma pessoa foi baleada em frente a um hotel, mas sua identidade não foi revelada.

Um repórter relatou ter ouvido de um policial “Sua vida corre perigo, você precisa sair daqui”.

CONFUSÃO E SAQUES

Dezesseis policiais e um número indeterminado de manifestantes ficaram feridos na manifestação do dia anterior. O canal WSOC-TV informou que a polícia mobilizou unidades antidistúrbio e utilizou gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão, que, segundo as autoridades, atacou vários carros da polícia. Um hipermercado Wal-Mart foi saqueado durante a noite.

O agente responsável pela morte, Brentley Vinson, foi suspenso de suas funções e aguarda os resultados de uma investigação administrativa.

Vinson integrava um grupo de agentes que tinha mandato para deter um suspeito. Keith Lamont Scott, que não era a pessoa procurada, estava dentro de um veículo em um estacionamento e, segundo a polícia, com uma arma de fogo. A discussão entre o homem e os policiais ficou tensa e o agente, que disse ter se sentido ameaçado por Scott, abriu fogo e o matou.

A família de Scott, no entanto, afirmou que a vítima não carregava nenhuma pistola, e sim um livro, quando foi morto. Uma de suas filhas afirmou que Scott Lamont estava esperando pelo filho.

A prefeita da cidade, Jennifer Roberts, pediu calma à população.

“A comunidade merece respostas e acontecerá uma investigação profunda”, escreveu no Twitter. “Vou entrar em contato com os líderes da comunidade para trabalharmos juntos”.

A tensão racial aumentou nos Estados Unidos nos últimos dois anos por uma sucessão de abusos e atos de violência da polícia, que terminaram com a morte de homens negros, desarmados na maioria dos casos. O crime foi o mais recente de uma longa série, que tem mobilizado a comunidade negra e provocado manifestações em várias cidades.

Na terça-feira, a justiça americana abriu uma investigação depois que um homem negro desarmado foi morto na sexta-feira por uma policial branca em Oklahoma, um episódio gravado pelas câmeras de um carro e um helicóptero da polícia. Na gravação é possível observar nitidamente que o homem, Terence Crutcher, com várias armas de policiais apontadas contra ele, seguir para seu veículo com as mãos para o alto. Crutcher, ofendido por um policial que estava no helicóptero, parece aproximar as mãos do veículo e neste momento é atingido por um tiro.