RIO – Escolhido pelo ministro da cultura Roberto Freire para presidir a Fundação
Nacional das Artes (Funarte),
Stepan Nercessian ainda não tem planos específicos para o
órgão. Mas, em entrevista ao GLOBO hoje, o ator antecipou dois desejos: dar
atenção especial ao circo e ?reavivar? o Projeto Pixinguinha, criado em 1977
para difundir a música brasileira com apresentações de artistas novos e
consagrados. Retomado em 2004, sua última edição ocorreu em 2009.
? É um projeto que deu certo, foi sucesso em todo o Brasil. Abriu
oportunidades para carreiras e ajudou a lançar muitos artistas. É uma coisa que
vou olhar de cara porque é uma pérola dentro da Funarte ? diz o futuro presidente da Funarte, que deverá ser oficialmente confirmado no
cargo no início da próxima semana, quando o ministro Roberto Freire retornar de
Cuba.
? Todos os setores precisam ser contemplados, artes plásticas, músicas
teatros… Todos precisam de muito gás e incentivo. O pessoal do circo também já
me procurou e sei que é uma área que precisa de atenção especial ?
acrescentou.
Ex-presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculo e Diversão
do Rio e da Fundação Astrojildo Pereira, Stepan é membro do PPS, partido de Roberto Freire,
desde a sua fundação. Foi eleito duas vezes vereador do Rio, em 2004 e 2008.
Eleito deputado federal em 2010, não conseguiu se reeleger em 2014. Pesou contra
ele seu envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O ator e político
foi flagrado em conversas telefônicas, e depois confirmou que recebeu R$ 170 mil
de Cachoeira. O inquérito, porém, foi arquivado por falta de provas.
Stepan
assumirá a Funarte em
meio à grave crise política e econômica como homem de confiança de Freire, de
quem se diz próximo. O futuro presidente acredita que o órgão não deve ser visto
como uma ?ilha dentro de um panorama gravíssimo?, que quase resultou no fim do
ministério da cultura. O objetivo é aproveitar sua relação de amizade com os
artistas, conversando com o ?máximo de pessoas? e democratizando o órgão.
? Houve uma luta para garantir a permanência do Ministério da Cultura, ao
qual a Funarte é
vinculado? E agora que conseguiu faz o quê? Larga tudo? É importante não deixar
a peteca cair, conversar com todas as correntes e pensamentos, tanto com quem
está dentro e está fora. É um ?Ocupa Funarte? ao
contrário: quero que as pessoas ocupem mesmo, mas para tocar a coisa para
frente.
Em relação às limitações econômicas, o dirigente disse que confia na sua
proximidade com o ministro.
? Tem uma coisa que é muito importante: estou indo para um órgão tendo uma
parceria com o ministro muito grande ? diz. ? Vamos ter essa facilidade de
interlocução fácil com Brasília. Mas temos que ser realistas. Não adianta ficar
imaginando o que não vai ser possível dentro desse clima de hoje.