RIO ? O Colégio Americano de Médicos (ACP, na sigla em inglês) divulgou nesta segunda-feira novas recomendações para o tratamento de pacientes com dor lombar. Saem os medicamentos, sobretudo os opioides, entram as terapias não farmacêuticas, como aquecimento superficial, massagem e acupuntura. Se as drogas forem necessárias, as diretrizes sugerem a prescrição de anti-inflamatórios não esteroides e relaxantes musculares.
? Nós temos que olhar terapias não farmacêuticas primeiro ? disse Nitin Damle, presidente do comitê da ACP, em entrevista ao ?New York Times?. ? Isso é uma mudança.
Na diretriz anterior, aprovada em 2007, a primeira recomendação era ?considerar o uso de medicações com benefícios comprovados?. Para a maioria dos pacientes, dizia a entidade, ?opções de medicação de primeira linha são drogas anti-inflamatórias não esteroides e paracetamol?. Na revisão, publicada agora, a ACP alerta que o paracetamol ?se mostrou ineficaz para lombalgia aguda?.
De acordo com a associação, a dor lombar é uma das razões mais comuns pela procura de um médico, e cerca de um quarto dos americanos adultos dizem ter enfrentado esse problema ao menos uma vez nos últimos três meses. A lombalgia é classificada como aguda, quando dura menos de quatro semanas; subaguda, entre quatro e 12 semanas; e crônica, quando persiste por mais de 12 semanas.
As dores agudas e subagudas melhoram com o tempo, independentemente do tratamento. Dessa forma, ?médicos e pacientes devem escolher tratamentos não farmacológicos como aquecimento superficial, massagem, acupuntura ou manipulação espinhal?.
? A dor lombar tem um curso natural e não requer intervenção ? disse James Weinstein, diretor do Centro Médico Dartmouth-Hitchcock, em New Hampshire.
Mas até para pacientes com dor lombar crônica, a ACP recomenda como primeira alternativa terapias sem o uso de drogas:
?Exercícios, reabilitação multidisciplinar, acupuntura, redução do estresse, tai chi, ioga, exercício controle motor, relaxamento progressivo, eletromiografia, terapia a laser de baixo nível, terapia operante e cognitivo comportamental e manipulação espinhal demonstraram melhora nos sintomas, com baixo risco de danos?, diz a nova recomendação. ?A ACP enfatiza que terapias físicas devem ser administradas por profissionais com treinamento apropriado?.
Caso o paciente não tenha uma resposta adequada, os médicos devem considerar o tratamento farmacológico com anti-inflamatórios não esteroides como primeira linha, e tramadol e duloxetina como segunda opção.
?Médicos devem apenas considerar opioides como opção em pacientes que falharam nos tratamentos anteriores, e apenas se os benefícios potenciais superarem os riscos?, diz a entidade.
? O que nós precisamos fazer é parar de medicalizar sintomas ? afirmou Weinstein. ? Eu sei que suas costas doem, mas vá correr, seja ativo, em vez de tomar uma pílula.