Cotidiano

?Não? em referendo aniquila chances de Nobel da Paz para Colômbia, dizem especialistas

201610022313495401_AFP.jpgOSLO ? O triunfo do ?não? no referendo colombiano, que consultou a população sobre o acordo de paz do governo com as Farc, aniquila as chances da Colômbia de receber o prêmio Nobel da Paz deste ano, concordam especialistas. Antes favoritos a ganhar a honraria na próxima sexta-feira, o presidente Juan Manuel Santos e o principal comandante rebelde, Rodrigo Rodrigo Londoño ? mais conhecido pelo pseudônimo Timochenko ? viram a negociação que encerraria uma guerra de 52 anos esbarrar na rejeição popular. No domingo, 50,21% dos colombianos recusaram os termos do acordo.

A escolha do vencedor do Nobel da Paz já contemplou processos de paz igualmente promissores: caso da Irlanda do Norte, em 1998, de israelenses e palestinos, em 1994, e do Vietnã, em 1973. Nunca, no entanto, desautorizou uma votação popular. Poderia significar, nesta hipótese, uma afronta à vontade majoritária dos cidadãos.

? A Colômbia está fora de qualquer lista crível ? disse o diretor do Instituto de Pesquisas da Paz, Kristian Berg Harpviken, para quem a vitória do ?não? no país latino-americano reforça o favoritismo da ativista de direitos humanos da Rússia Svetlana Gannushkina, dedicada à causa de refugiados e imigrantes.

Neste contexto, analisa, o tratado de paz colombiano ?e qualquer iniciativa associado a ele? não é sequer um candidato à láurea. A lista de favoritos do pesquisador, que analisou os 376 indicados ao prêmio deste ano, situava a russa na liderança, seguida pelos negociadores da paz na Colômbia.

201610030019375909_AFP.jpg? Agora está fora de cogitação (dar o prêmio à Colômbia) ? disse Asle Sveen, historiador que monitora a premiação e que havia apostado em uma vitória do acordo colombiano por encerrar uma guerra que matou mais de 260 mil pessoas.

Na avaliação de Sveen, aniquiladas as chances colombianas, a dianteira agora cabe ao acordo de contenção do programa nuclear iraniano, na figura do secretário de Estado americano, John Kerry, do ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammed Javad Zarif, e da chefe de política externa da União Europeia, Frederica Mogherini.

Dan Smith, diretor do Instituto de Pesquisa sobre a Paz em Estocolmo não descartaria os latino-americanos do páreo, embora considere ?muito improvável? que o país leve o prêmio depois do referendo ? segundo ele, ?um golpe terrível para as perspectivas de paz na Colômbia?.

Membros de todos os parlamentos nacionais, professores de relações internacionais e ex-vencedores, podem fazer indicações ao Nobel da Paz. Na disputa, os especialistas ainda ressaltam os habitantes das ilhas gregas pelo acolhimento dos refugiados, o médico congolês Denis Mukwege, o americano que revelou o sistema de vigilância eletrônica estatal Edward Snowden, e o francês Laurent Fabius, ex-presidente da COP21, que levou ao Acordo de Paris sobre o clima.