RIO ? ‘Sou filha de guitarristas (Baby do Brasil e Pepeu Gomes), então, depois de Deus, a estrela do meu CD é a guitarra?, diz Nãna Shara sobre ?Novo Céu?, seu primeiro álbum gospel após um hiato de sete anos sem cantar. Há 15, a ex-SNZ (grupo formado com as irmãs Sarah Sheeva e Zabelê) se converteu e hoje é pastora na Igreja Apostólica da Restauração, em Copacabana. Nãna tem a música no DNA e, por dois anos, trabalhou num álbum 100% autoral.
? Cuidei de cada detalhe. Os arranjos vocais eu fiz sozinha, não quis backing porque eu queria que ficasse com a minha identidade vocal, o meu som. Tem teclados vintage, anos 70, elementos eletrônicos, baladas. É bem eclético, com uma veia pop- rock forte ? conta.
Junto com o marido, Brinco, ela comanda o ?Ministério Firmados na Rocha?, no qual dão testemunhos de suas vidas e do casamento. Nãna revela que optou pelo relacionamento em santidade, ou seja, o casal ficou mais de um ano sem sexo. ?Só na lua-de-mel?:
? Se não serve para ser meu amigo, não serve para ser meu marido. Eu precisava conhecer a pessoa com quem pretendia me casar. Ficamos 1 ano e 8 meses tendo um relacionamento, nos conhecendo, mas sem sexo.
A tentação, ela avisa, foi suportada em nome da fé:
? Deus sustenta. Sexo é importante, mas não é tudo. Se for, quando você ficar velha, a carne mole, se ficar doente, a pessoa te larga. Num relacionamento em santidade, você não precisa juntar as escovas de dentes para conhecer o caráter, você conhece antes, porque não tem o sexo para entreter, para camuflar as diferenças. Muitos casais resolvem as divergências na cama. Em santidade, é na conversa.
Falar do tema não é problema para Nãna, que considera o ato fundamental e sem ?essa caretice toda?:
? Preciso dizer que o meu relacionamento sexual com meu marido é melhor do que eu poderia sonhar, sou muito realizada na vida íntima.
Antes de se converter, ela diz que ?sentia um vazio existencial que não preenchia com fama, dinheiro, nada?. E lembra que, na época de escola, sofreu muito bullying:
? Minha família tem uma beleza exótica. Somos uma mistura de índios com europeus, branquinhos, de narizinho e com a boca enorme. Lá fora é sucesso, mas aqui a gente era E.T., anormal. Sofri muito por não ter o padrão comum de beleza, as pessoas me excluíam, eu fazia parte do grupo das feinhas, gordinhas, narigudas, bocudas… Não me sentia aceita, amada.
Nãna não nega seu passado e é sincera também ao falar sobre drogas. Hoje, usa suas experiências como alerta.
? Experimentei drogas, como a maioria dos jovens, mas não tinha fascínio por isso. Minha mãe me deu liberdade para eu achar o limite. Quando vi, aquilo não me completava, me fazia mal, tirava minha sanidade, o meu equilíbrio.
Nãna cresceu numa grande família, com erros, acertos e uma rotina nada comum.
? Não tivemos uma vida normal, nossos pais são ícones da música. Para eles me buscarem na escola, por exemplo, tinham que entrar pelos fundos porque paravam o trânsito. Para irem à praia, tinham que usar peruca para disfarçarem os cabelos coloridos ? relembra a cantora.
A ausência por conta da agenda de shows, a falta de privacidade, tudo isso faz parte do histórico do clã Baby-Pepeu, mas o pouco tempo que tinham era precioso.
? Tudo na vida tem seus ônus e bônus. A gente não podia fazer o que todo mundo fazia, eles viajavam muito e não podiam estar tão presentes, mas crescemos com um estúdio em casa. Papai e mamãe tocando, gravando, dormíamos todos na mesma cama. A gente se curtiu muito como família. Aprendemos a ser independentes. Sou apaixonada por eles. Não são perfeitos, como eu não sou, mas acertaram porque souberam dar a coisa mais importante, que é o amor ? reconhece.
Ela e Brinco estão planejando aumentar a família. Querem um filho. E, ano que vem, Nãna pretende lançar sua autobiografia:
? Não estou em busca de fama. Quero levar uma mensagem de vida. Algo que possa transformar corações.