JOANESBURGO ? Em resolução aprovada neste domingo, as Nações Unidas pediram a todos os países-membros que encerrem os mercados domésticos legais de marfim, numa medida que visa combater a caça de elefantes. Reunidos em Joanesburgo, na África do Sul, participantes da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaças (CITES, na sigla em inglês) concordaram no documento que pede ações legislativas, regulatórias e de combate. Apesar de não ter força legal, a medida coloca pressão nos países que continuarem permitindo esse tipo de comércio.
? Hoje (domingo) nós vimos um momento histórico no sentido de combater o comércio ilegal de marfim, que está matando entre 20 mil e 30 mil elefantes africanos por ano ? disse Heather Sohl, representante da ONG WWF no Reino Unido, em entrevista à Reuters.
Os mercados legais, como os que funcionam na China e no Japão, são constantemente acusados de alimentarem a caça de elevantes, pois muitas vezes o marfim ilegal é negociado por esses canais.
? Quando existem mercados legais para o marfim, são criadas oportunidades para a legalização do marfim no país ? disse Sue Lieberman, vice-presidente da ONG Wildlife Conservation Society.
De acordo com relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza, a população de elefantes da África caiu cerca de 20% entre 2006 e 2015, principalmente por causa da caça ilegal atrás do valioso marfim.
? Existe uma crise acontecendo ? disse Sue. ? A caça e o tráfico de marfim estão realmente fora de controle, e algo precisa ser feito.
Apesar dos aplausos durante o anúncio da resolução, existem críticos, que afirmam que a proibição do comércio legal de marfim não vai conter o mercado ilegal.
? Na história da Humanidade não existe um único registro de alguma proibição que deu certo ? disse Ron Thomson, da ONG True Green Alliance. ? Muito certamente, qualquer tentativa de impor a proibição na venda de marfim e chifres de rinoceronte vai falhar.
A resolução não tem vinculação legal, ou seja, os países não são obrigados a acatar o pedido. A convenção é organizada pela ONU, que pode apenas regular o comércio internacional, não o mercado doméstico. Apesar disso, a medida é vista como uma forma de pressão política contra os países que ainda permitem o comércio de marfim.