RIO – Uma das mais antigas e tradicionais escolas do Rio, o Colégio Pedro II voltou aos holofotes por sua suposta defesa de temas ?progressistas?. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou, por meio de medida extrajudicial, a retirada imediata de cartazes com a inscrição ?Fora, Temer? de duas unidades, conforme antecipou nesta terça-feira o site da coluna Ancelmo Gois. No documento, o procurador Fábio Moraes de Aragão afirma que ?a doutrinação política e ideológica de alunos atenta contra a integridade intelectual de crianças e adolescentes?.
? Foi também pedido nessa recomendação para impedir a colocação de cartazes ou panfletos futuros para que não haja patrocínio de partido A, B ou C. Porque hoje é ?Fora, Temer?, amanhã pode ser Marcelo Crivella, Freixo ou Bolsonaro, dependendo da cena política. Podem achar tem a ver só com (Michel) Temer, mas é com qualquer candidato ? afirmou Aragão.
Segundo o procurador, foram recebidas no MPF representações de pais de alunos de diversas unidades do colégio. Alguns responsáveis de estudantes afirmaram, inclusive, que professores estariam panfletando para candidatos durante o horário escolar.
? Isso é uma desvirtuação da escola. Os professores têm liberdade de expressão, mas podem se expressar fora do colégio ? defendeu Aragão.
Nesta terça-feira, o reitor do Pedro II, Oscar Halac, esteve no MPF e disse que as faixas foram colocadas pelo sindicato dos servidores, ?sem a aprovação? da reitoria. O professor disse ainda que ?o Colégio é laico em todos os aspectos, inclusive na questão do partidarismo político?. Halac destacou que os cartazes já foram retirados.
O texto do MPF especificava que, se a medida não fosse cumprida no prazo de 72 horas, os diretores-gerais das unidades Realengo e Humaitá e o reitor poderiam responder por improbidade administrativa e crime de prevaricação.
No último sábado, um grupo de pais de estudantes do Colégio Pedro II protestou na Praia de Copacabana contra o que consideram ?ideologia de gênero nas escolas? e por uma ?escola sem partido?. O ato questionava a decisão da escola de acabar com a distinção de uniformes para meninas ou meninos e também a suposta permissividade de manifestações em favor de candidatos e partidos políticos de esquerda.
Aragão afirmou que o MPF vai analisar, nos próximos dias, representações que tratam de questões de gênero no colégio. Segundo ele, em uma delas, uma mãe afirma que o filho de 8 anos foi obrigado a assistir a uma ?palestra sobre estupro coletivo?:
? Ainda é preciso averiguar a veracidade dos fatos. Mas o MPF também vai analisar essa questão. É um tema polêmico e é importante ouvir todos os lados.