Cotidiano

Motonetas Vespa voltam ao Brasil este ano

RIO – Jeans com camiseta, rock’n’roll e… Vespa! A motoneta de origem italiana é um ícone que nunca sai de moda. E eis que a Piaggio, sua fabricante, acaba de anunciar que voltará ao Brasil no segundo semestre deste ano. A ambição é grande: a empresa quer 10% do mercado brasileiro de scooters num prazo de cinco anos — e que suas operações aqui estejam entre as quatro maiores no mundo.

A marca Vespa completou 70 anos em abril e faz modelos de forte apelo retrô: 946 (cujo sobrenome alude a 1946, ano em que a motoneta nasceu), Primavera, Sprint, GTS Super e PX, com motores de 50cm³ a 300cm³. Ainda não se anunciou quais serão vendidos aqui.

Quem cuidará da distribuição e montagem — sim, os scooters serão importados num primeiro momento — será o grupo Asset Beckley Investments Management. O presidente dessa operação será Longino Morawski, executivo que liderou a bem-sucedida reestruturação da Harley-Davidson no Brasil, entre 2010 e 2015.

NOS TEMPOS DA PANAUTO

Foi em 1954 que o Brasil recebeu suas primeiras Vespa importadas. Em 1958, a motoneta passou a ser produzida pela carioca Panauto S.A., com linha de montagem, na Avenida Antares, em Santa Cruz. O primeiro modelo nacional tinha linhas mais fluidas do que a rival Lambretta LD, motor 2T de 150cm³ (instalado no lado direito, o que desequilibrava um pouco a condução) e câmbio de três marchas.

No fim de 1960, a Panauto começou a montar por aqui o Vespacar, um exótico triciclo que fez fama como carrocinha de cachorro-quente da Geneal. Em 1962, entrou em linha o modelo M4, nada mais do que uma Vespa comum, mas com câmbio de quatro marchas. Apesar do sucesso inicial, a febre das motonetas arrefeceu e a Panauto fechou em 1964.

A história teve uma segunda largada em 1974, quando a Barra Forte Indústria e Comércio começou a montar quatro modelos da Piaggio em Manaus: 50cm³, Primavera 125, Super 150 e Rally 200. Isso durou até 1983.

Dois anos depois, as operações foram retomadas, agora sob a batuta da Motovespa, associação da italiana Piaggio (45%) com as brasileiras Caloi (45%) e Barra Forte (10%). Embalada pelo Plano Cruzado, a Vespa PX 200 ultrapassou a Honda CG 125 e foi o veículo de duas rodas mais vendido em 1985!

A Motovespa chegou a ter 140 lojas e 90% de nacionalização. Mas vieram problemas de administração e, em 1990, as atividades da empresa foram encerradas.

Entre 1998 e 2000, houve um ensaio de retorno: a Brandy, de Ribeirão Preto, importou da Índia (e falou em montar) a Vespa 150 Originale. Vendeu pouco, sumiu e ninguém se lembra mais disso. Agora, é aguardar o novo capítulo dessa história.